Rebadge é um termo que está no dicionário da língua inglesa e é definido como a ação de vender um produto já existente com uma nova marca ou símbolo. É o que acontece agora com a Partner Rapid, que é a Fiat Fiorino vendida sob a marca da Peugeot.
Não é novidade e não é algo incomum: existem mais de 800 registros de carros que já foram vendidos sob marcas diferentes no planeta. Já até falamos de alguns casos aqui.
O primeiro rebadge aconteceu em 1917, segundo os registros da indústria norte-americana, quando um veículo da Nash Motors (que não existe mais) foi vendido sob a marca Ajax, substituindo um modelo descontinuado da época.
Abaixo selecionamos alguns modelos que passaram pelo processo e acabaram se transformando em um modelo gêmeo com outra marca:
Celta / Fun
O Celta é um projeto da Chevrolet para o Brasil. Chegou para substituir o Corsa como carro popular no início dos anos 2000 e era fabricado em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Mas quem levou o carro para ser vendido na Argentina foi a Suzuki, que tinha participação da GM e tem tradição em oferecer produtos mais acessíveis em alguns mercados latinos.
A mistura da Dodge
No México a Dodge tem um problema em sua linha. Ela vende os carrões que fazem sucesso nos Estados Unidos, como o Challenger e o Durango, mas mantém uma linha de carros mais populares. Só que ela não fabrica esses carros.
A solução é o rebagde. O Vision era na verdade o Fiat Grand Siena fabricado no Brasil. Como ele foi descontinuado, a Dodge apelou em uma parceria com a Mitsubishi para levar ao México o Attrage, que lá recebeu nome de Dodge Attitude.
A Dodge também já vendeu o Fiat Tipo italiano (a nova geração, que não veio ao Brasil) como Dodge Neon. O caminho contrário também aconteceu e você deve se lembrar: o primeiro SUV brasileiro da Fiat é o Freemont, que era o Dodge Journey.
Mas já contamos aqui no Turboway a história de que antes de Fiat e Mitsubishi a Dodge apelou à chinesa Chery para ter o Chery Face em sua linha com outro nome. Não deu certo por que a Dodge acabou sendo comprada pela Fiat depois.
Fiorino / Promaster
O mais comum é que os rebadges aconteçam com veículos iguais em países diferentes. A Fiorino já é um exemplo. Desde 2017 ela é vendida com a marca RAM no México e por lá se chama “Promaster Rapid”.
No caso da Fiorino, a Stellantis (empresa que resultou da fusão dos grupos Fiat e Peugeot) vê no carro um projeto já consolidado que vai agregar à linha. No México ela é importante por que complementa a linha de utilitários leves da RAM. Na Peugeot o papel do Fiorino é resgatar a confiança na marca e também elevar o volume total de vendas.
Fiats que viraram RAM
A Fiorino não migrou sozinha para o hemisfério norte para ser RAM. Outras duas brasileiras também foram junto: a Fiat Strada é a RAM 750 em países como México, Colômbia e Chile. Já a Fiat Toro virou a RAM 1000.
Chineses no ocidente
Em busca de baratear a linha, muitas marcas estão recorrendo aos chineses. As marcas ocidentais fazem parceria com montadoras chinesas e acabam lançando o veículo em conjunto. O resultado? Na China o carro tem um nome, na América ele chega com outro nome.
A Chevrolet tem feito isso com carros que ainda não chegaram ao Brasil, mas já estão no Chile, Argentina e México. É o caso do Chevrolet Groove, um SUV menor que o Tracker, que na verdade é o Baojun 510 na China.
Clássico também é clone
O saudoso Chevrolet Monza que fez sucesso por aqui na década de 80 na verdade era um projeto da Opel, como tantos outros carros que a Chevrolet vendeu por aqui. O Monza era o Opel Ascona na Alemanha.
O motivo é que a General Motors entendeu que os carros grandes que a Chevrolet vendia nos Estados Unidos não fariam sucesso por aqui. Trouxe então os modelos da Opel, que na época era seu braço na Europa. E deu certo.
Algo semelhante acontece atualmente com o Monza que é fabricado na China. A nova geração do veículo chegou ao México como Cavalier Turbo.
Kwid pra todos
O Renault Kwid também tem nomes diferentes pelo mundo. Na Europa ele é o Dacia Spring e na China recebeu três nomes, um para cada região do país onde já foi vendido: Aeolus, Fengguang e Fothring. Todos vendidos pela Dongfeng.
O motivo do rebadge? O Kwid é um produto “barato” e o compartilhamento do mesmo projeto evita o gasto no desenvolvimento de um produto novo.
Citroën Jumpy e suas irmãs gêmeas
De todos os veículos que citamos até aqui, a van Jumpy é a que tem mais variações de nome para o mesmo produto. Ela é a Citroën Jumpy, mas também a Peugeot Expert. No Brasil ela vai ganhar ainda este ano uma terceira variação: na Fiat ela se chamará Scudo.
Não para por aí. Na Europa o mesmo carro ainda é vendido pela Opel, a antiga subsidiária da GM que agora pertence ao grupo Stellantis. Na Opel ela se chama Vivaro. Na Inglaterra a mesma van também é vendida pela Vauxhall também como Vivaro.
Ou seja, quase toda subsidiária do grupo Stellantis vende a Jumpy com um nome diferente. E tem ainda um sexto nome pro mesmo carro: em um acordo com a Toyota, o produto é vendido também como Toyota Proace na Europa.
Porque a Stellantis faz o rebadge da Jumpy? Porque ela complementa a linha de todas as suas marcas de alguma forma. No Brasil, por exemplo, o Fiat Scudo chegará para ser um produto acima da Fiorino e abaixo da Ducato, como era o finado Dobló, que por sua vez tinha menor capacidade que a Jumpy.