VW Fox foi produzido por 18 anos no Brasil. Veja história

Lançado em outubro de 2003, o Fox completou 18 anos em 2021. Ele surgiu como uma nova categoria de hatches. Com um projeto chamado de “Tupi” dentro da montadora, o que se esperava era um provável substituto do Gol. Mas, acabou ficando com preço muito acima do carro mais vendido pela VW, mas ao mesmo tempo com valores abaixo do Polo, criou-se assim um novo segmento dentro da linha VW.

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Fox foi lançado no fim de 2003 apenas com carroceria 2 portas. A versão 4 portas chegou no ano seguinte.

O projeto do carro foi desenvolvido por Luiz Alberto Veiga, designer brasileiro que foi responsável também pela reestilização do Gol em 1994, popularmente conhecida como “G2” ou “bolinha”. A grande sacada do projeto foi o desenvolvimento, pensado de dentro pra fora. Com dimensões externas pequenas e com ótimo aproveitamento de espaço no interior. Fazia jus ao slogan da campanha de lançamento da época “Compacto para quem vê, gigante pra quem anda”.

Diferenciado

Apesar do interior com acabamento simples, o Fox trazia muitos itens diferenciados para um hatch compacto. Bancos traseiros corrediços (utilizados no Twingo 10 anos antes, mas nunca popularizados), volante multifuncional e o marcante teto alto que trazia grande amplitude a cabine. Muitos hatches lançados por outras marcas posteriormente, utilizaram essa solução do teto elevado.

Brasileiro na Alemanha

Cores chamativas, parachoque exclusivo e opcionais, como o teto solar, marcaram a ida do Fox para a europa

Além da América Latina, o Fox também foi exportado para mais longe. É o primeiro VW feito no Brasil e vendido na Alemanha. Lá ele tinha a importante missão de substituir o Lupo, compacto da VW até então. Porém, como era fabricado no Brasil, o carro chegava ao continente europeu custando um valor muito alto, próximo ao Polo. Relatos da época diziam que os próprios concessionários incentivavam a compra do Polo e não do Fox.



O Fox vendido lá fora tinha várias alterações em relação ao brasileiro, a começar pela motorização 1.2 ou 1.4 a gasolina ou 1.4 a diesel. O acabamento também era de melhor qualidade, trazia airbag e ABS de série, opção de teto solar, tampa no porta-luvas (coisa que só a versão perua Spacefox teve na primeira fase do carro), e os comandos do ar condicionado eram iguais ao do Polo, e não com comandos circulares sobrepostos como o nosso.

Primeira fase

No lançamento brasileiro, o espaço interno e a posição de dirigir eram o grande destaque em relação ao Gol, mas era mais simples e trazia menos equipamentos que o Polo. Assim ficava posicionado o Fox. Disponível inicialmente em três versões (City, Plus e Sportline) e duas motorizações (1.0 e 1.6). Como costume dos modelos da época, trazia muitos itens indispensáveis hoje em dia como opcionais (ar, direção, airbag e ABS por exemplo), o painel tinha um desenho diferenciado, mas a qualidade do acabamento deixava muito a desejar. De início, trazia apenas a opção de 2 portas, a opção 4 portas viria apenas 6 meses depois.

Interior da primeira fase do Fox era bonito e dava uma boa sensação de espaço. Mas a qualidade do acabamento e o painei de instrumentos diminuto era motivo de críticas

Na linha 2008, o parachoque dianteiro passou a ser o mesmo do Fox exportação, com a grade superior sem pintura. Nesse ano também, a VW lança a versão Route com um apelo mais jovial. Em 2009, vem a versão Extreme com apelo esportivo e como despedida do primeiro desenho da linha a VW trouxe a versão Sunrise e a BlackFox, ambas com motor 1.0.

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Segunda fase

Linha 2010 trouxe desenho alinhado ao Polo europeu.

Em 2010 veio a primeiro facelift, com ela, além da dianteira livremente inspirada no Polo vendido na época, vieram várias melhorias. Uma delas foi o painel de instrumentos com melhor leitura e mais informações, computador de bordo, acabamento geral de melhor qualidade em relação ao anterior, maior variedade de equipamentos como rádio com bluetooth, volante com comandos e teto solar traziam um interior mais moderno, confortável e bem acabado.

Os motores se mantinham, mas as versões mudaram. As versões básicas podiam ter o pacote “Trend” que adicionavam mais equipamentos e a versão top de linha passava a se chamar Prime e depois Highline. Mesmo sendo a versão mais completa, a maioria dos equipamentos interessantes era opcional, o que dificulta hoje a compra de um usado com certos opcionais, já que as combinações são infinitas.

Bluemotion, Rock In Rio e Seleção

Desse período, destaque para as versões especiais. A Bluemotion, trazia diversas modificações para a economia de combustível. Desde motor a aerodinâmica. Vinha a princípio com o tradicional motor 1.6 EA111, mas depois passou a contar com o motor 3 cilindros EA211 1.0 MPI. O mesmo motor utilizado posteriormente no UP. É uma ótima opção de carro para o dia a dia, tão econômico quanto o UP e com mais espaço interno.

A 2012 chegava a edição Rock In Rio virou versão de linha posteriormente. Em 2014, a versão “Seleção” comemorativa para a copa do mundo. Dica: Essas duas ultimas versões costumavam vir mais equipadas de série e com menos opcionais soltos. A chance de encontrar um carro mais completo é maior.

Primeiro ano da versão Rock In Rio já trazia as faixas, emblemas e interior com detalhes em vermelho e bancos com o nome da série.

Terceira fase

A linha 2015, atualmente a venda, é a versão mais bonita (na minha humilde opinião) e também a mais completa. Nessa fase há a possibilidade de encontrar modelos com controles de tração e estabilidade, motor 1.6 mais forte (16V EA111 com 120cv no etanol) e central multimídia original VW.

O visual foi totalmente renovado, com linhas muito próximas do Golf MK7, deixou o Fox com apelo muito mais jovial. O interior bem resolvido até então não mudou. Com o fim da linha Polo em 2014, o Fox ficou com a missão de substitui-lo. Para isso, a lista de equipamentos foi ampliada e as novas versões ficaram mais recheadas e a lista de opcionais mais enxuta.

Mais versões e mais potência

Somente a partir da linha 2015 a VW disponibilizou central multimídia para a linha Fox. Além disso, controles de tração e estabilidade e piloto automático também poderiam equipar o modelo.

Todas as versões já contavam de série com direção com assistência elétrica, vidros dianteiros e travas elétricas, volante com regulagem de altura e profundidade, airbag e abs. As versões eram Trendline, Bluemotion, Comfortline e Highline.

A versão Trendline era a mais básica, a Bluemotion tinha as mesmas características da versão da segunda reestilização citada acima, e Comfortline tinha uma lista de equipamentos de série interessante. A Highline, versão top de linha, trazia por exemplo, controle de tração, motor 1.6 16V com 120 cv pedaleiras e escape com saída dupla.

Essa fase também foi marcada por algumas versões diferenciadas, como a versão Pepper, com o mesmo motor da versão Highline e interior com acabamento vermelho, e a Track, uma versão baseada no Crossfox, com visual mais leve (sem o estepe na traseira) e motor 1.0 três cilindros.

Versões Connect e Xtreme

Em 2018, com a volta do Polo ao mercado brasileiro, novamente o Fox foi reposicionado. A VW enxugou a linha em apenas 2 versões, Connect e Xtreme. A primeira mais jovial e a segunda com apelo aventureiro.

Ambas são muito bem servidas, com motor 1.6 8v e vários opcionais, como o kit dignidade (ar, direção vidros e travas elétricas nas quatro portas), alarme, central multimidia, e até piloto automático de série. Alguns mimos de acabamento foram extintos, como para-sol com iluminação e tomada 12v no porta-malas. Tudo isso por conta do principal atrativo: o preço.

Por alguns meses, a versão Connect podia ser equipada com teto-solar. Então não é difícil encontrar um Connect 2020 com esse opcional.

A versão Xtreme dessa fase, ao contrário da versão homônima da primeira fase que tinha uma proposta esportiva, passa a ser uma versão mais aventureira. Conta com acessórios do Crossfox e alguns elementos da versão esportiva Pepper também. Além de um acabamento diferenciado em relação ao Connect.

Versão Xtreme conta com um belo conjunto de acessórios. A ausência do estepe a deixa com visual mais limpo e agradável que a versão Cross.

Derivações

CrossFox

Paralelo ao hatch, o Fox teve duas derivações também produzidas. A aventureira fez muito barulho e virou até música. Segundo o responsável pelo designer da linha Fox, Luiz Alberto Veiga, numa matéria para o site Autoentusiastas, O Crossfox foi desenvolvido juntamente com uma versão esportiva (Pepper) e uma MicroVan, para demonstrar as qualidades do Fox 2 portas. Fez tanto sucesso na coletiva de imprensa, que acabou sendo produzido. Mas a versão de produção ficou apenas com a opção de 4 portas.

A versão Cross tem todas as caracteristicas das demais versões do Fox, acrescentando a suspensão elevada e o estepe na traseira. Pneu externo, apesar de somar ao visual “diferentão”, se torna um vilão na visibilidade do vidro traseiro que já é diminuto e numa eventual colisão os gastos podem ser bem maiores.

Crossfox da linha 2010 na cor Laranja Atacama

De série, todos os Crossfox contam com trio elétrico e direção hidráulica, e após a linha 2010 passou a oferecer também o teto-solar e a partir da linha 2011 passou a contar com air-bag e ABS de série, assim como a versão Prime do Fox “civil”.

A partir da linha 2015, o Crossfox passou a ter motor 1.6 16V MSI com 120cv, o mesmo da versão Highline do Fox do mesmo ano.

Apesar de não ser item de série desde o lançamento, é difícil encontrar um Crossfox sem ar condicionado. Se essa for a sua procura, fique atento nesse item. Se o valor anunciado estiver muito mais baixo que a média, essa pode ser a situação. Evite comprar sem esse opcional, a depreciação nessas situações costuma ser muito grande, fora a dificuldade de revenda.

SpaceFox

A versão perua do Fox traz todas as características do hatch com a possibilidade de um porta-malas maior (170 litros a mais). Trouxe quase todas as versões do hatch, até visual Cross ela teve. Nos ultimos anos, a partir de 2015, o valor de compra dela ficou meio salgado, o que diminuiu as vendas e a oferta de uma usada no mercado.

Mancadas

Motor EA111

Um dos grandes problemas do Fox é o motor: A linha EA111, tanto 1.0 quanto 1.6. O motor tem constantes relatos de problemas crônicos principalmente na linha pós 2008. Cabeçote e bobinas estão entre os problemas mais recorrentes. E esses defeitos atingem a todos os modelos da linha VW com esse motor, não apenas o Fox. As bobinas até custam relativamente barato, mas o cabeçote…

Motor 1.0

O Fox com motor 1.0 EA111 com 4 cilindros tem um desempenho abaixo do esperado para um carro 1.0. As queixas são constantes. Se puder escolher, prefira um carro equipado com o motor 1.6 ou o motor 1.0 de três cilindros, disponível na versão Bluemotion (citadas acima) ou nas demais versões 1.0 acima de 2016.

Câmbio i-Motion

A partir da linha 2010, o Fox passou a ter uma nova opção de transmisão. O câmbio automatizado i-Motion. Ele vinha com um apelo de ser uma opção mais barata a caixa automática convencional com conversor de torque, mas com um custo menor de compra e manutenção. Mas não foi bem isso que aconteceu. O preço do câmbio no fim das contas custava mais caro do que o esperado, trancos de uso e defeitos nesse tipo de caixa transformou não só os Fox i-Motion, mas como a maioria dos populares com caixa automatizada (Easytronic na GM, Dualogic/GSR na Fiat) num verdadeiro mico. Tanto que os anuncios com modelos com essa transmissão custam muito abaixo do preço médio de mercado. E muitos deles ja foram convertidos para o câmbio manual comum.

Qual o futuro do Fox?

Com a gama enxuta, o Fox ainda vende bem por conta da ótima relação custo benefício. Mas ele está com os dias contados. A plataforma PQ24, usada por ele, está sendo retirada de produção pela VW. Seria preciso um grande investimento para renovar o modelo numa nova plataforma. Foi feito um investimento no ano passado para adequar o modelo para as novas normas de segurança, adicionando o cinto de três pontos e o encosto de cabeça para o quinto ocupante. Apesar disso, não garantem o futuro do Fox a longo prazo.

Já se especula o fim do Fox por outros motivos também. A liberação de espaço para produção de outros modelos novos na fábrica, o enxugamento da gama de hatches compactos que hoje conta com 4 modelos: Gol, Up, Fox (com a linha atualmente enxugada) e Polo. Como é o hatch com projeto mais atual da marca, somente o Polo se manteria em linha. Com isso uma versão Track do Polo seria lançada com a missão de substituir os demais hatches.

Pra quem deseja comprar um Fox zero km, é bom correr porque em breve ele não estará mais disponível. Se a ideia for comprar um usado, é um modelo com grande oferta no mercado e de boa liquidez.

Publicada originalmente em

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