O brasileiro voltou a comprar em peso carros com mais de 13 anos de idade em 2023. De cada 100 vendas de veículos de segunda mão no Brasil, 35 foram dos chamados velhinhos, fabricados até 2010.
Foram mais de 5 milhões de unidades vendidas ao longo de 2023, mais que o dobro, por exemplo, das vendas de carro zero quilômetro, que ultrapassaram os dois milhões pela primeira vez desde 2019. Comparando 2023 com 2022, a alta das vendas de modelos com mais de 13 anos de fabricação foi de 13,5%.
Apesar de puxar o crescimento de vendas, os velhinhos não foram os únicos a apresentar alta. Mas é nítido pela tabela abaixo que quanto mais antigo o modelo, maiores as vendas.
Anos de uso | Vendas 2023 | Proporção | Variação sobre 2022 |
0 a 3 | 2.206.961 | 15,2% | 3,5% |
4 a 8 | 3.751.044 | 25,9% | 6,6% |
9 a 12 | 3.457.084 | 23,9% | 7,6% |
13+ | 5.033.345 | 34,8% | 13,5% |
O motivo para as vendas de carros mais antigos dominarem o mercado é o preço, cada vez mais estratosférico. Os carros zero estão cada vez mais caros, pressionando pra cima os valores dos usados. E quanto mais velho, menor o preço. Com o bolso curto, o brasileiro está sendo empurrado para os modelos mais velhos.
O envelhecimento da frota é ruim sob diversos aspectos. Tem o ambiental, tão falado hoje em dia, já que os carros de mais de uma década normalmente são mais poluentes – desde fábrica ou ao longo do tempo, com a degradação de peças importantes.
Outro aspecto negativo é a segurança. É inegável que os carros zero quilômetro, apesar de muito caros, estão vindo cada vez com mais segurança, seja por meio de mais airbags e mais controles, seja por causa do projeto como um todo, com mais deformação de carroceria, por exemplo.
A expectativa, no entanto, é boa para o mercado de carros em 2024. Para a associação dos revendedores, a queda da taxa de juros, a alta do salário mínimo e a projeção do crescimento da economia devem pesar para o aumento das vendas de todos os segmentos – dos antigos, dos seminovos e do zero. Outro fator colocado na mesa é a criação do imposto de importação para veículos elétricos, que deve forçar os consumidores a adquirirem veículos nacionais – ainda que apenas a combustão.