Vale a pena comprar um carro elétrico usado?

Os carros elétricos funcionam de maneira muito diferente dos carros convencionais e requerem avaliações de itens que antes não existiam.

Desde que publicamos aqui no Turboway a notícia de que a Usina de Itaipu estava leiloando carros elétricos usados, recebemos perguntas sobre a viabilidade de comprar um carro elétrico usado. O motor elétrico é mais simples do que um motor à combustão, porém é preciso considerar que esses componentes não são fabricados no Brasil ainda.

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Nos sites de vendas de usados já é possível encontrar unidades do Nissan Leaf e do Renault Zoe à venda. Na Webmotors, por exemplo, um Zoe com 40 mil quilômetros rodados sai por volta de R$ 140 mil. É salgado, mas no preço atual da gasolina… Vale a pena comprar um carro elétrico usado?

Veja também: quais são os carros elétricos vendidos em 2021 no Brasil?

Eu tenho condições de ter um?

O primeiro ponto a se considerar a compra de um elétrico é: eu tenho onde carregá-lo? Os elétricos podem ser carregados até na tomada de uma casa, mas esse carregamento demora muitas horas. Para carregamentos rápidos existem instalações especiais e muitos prédios já dispõem disso.



A energia ainda é muito mais barata do que os combustíveis convencionais e em alguns pontos comerciais a recarga é oferecida como cortesia. Mas não se esqueça que as peças de um carro elétrico são importadas. Não existe ainda uma indústria nacional do carro elétrico. Por isso, considere visitar concessionárias antes da compra para entender os valores cobrados nas revisões e nas peças.

Os veículos elétricos são muito diferentes dos veículos movidos à petróleo. Enquanto um motor elétrico tem manutenção mais simples do que um motor à combustão, o problema de um carro elétrico é chamado de “bateria”.

Renault Zoe que foi leiloado pela Usina de Itaipu (foto: divulgação/ Itaipu)

Elemento principal: a bateria

Tal qual comprar um celular usado, o carro elétrico usado também vai apresentar problemas com bateria que descarrega rápido ou que não atinge a carga máxima, por exemplo. E quando a bateria estiver problemática e necessitar de troca? Uma bateria do Nissan Leaf, por exemplo, sai por quase 10 mil Euros na Europa. É o preço de um Fiat Mobi.

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É a bateria do veículo que determina o quanto ele vai rodar. Por exemplo, o Renault Zoe pode trafegar até 380 quilômetros com uma carga. Segundo especialistas, as baterias que equipam os carros perdem cerca de 8% da capacidade a cada 150 mil quilômetros. A bateria, portanto, é algo que requer a atenção de um especialista na hora da compra. E mecânico especialista em carros elétricos? Por enquanto, só nas concessionárias! Como a mão de obra ainda é escassa, o preço também é alto.

Outro ponto que o comprador de um elétrico usado vai sentir é a “herança do dono anterior”. Novamente comparando a um celular, a bateria do carro vai se moldar ao método de condução do dono. Se o dono dirige apenas em cidades, a bateria vai receber pequenas cargas a todo momento, já que os carros elétricos usam a energia da frenagem para repor a carga. Se for um carro que roda em rodovia, provavelmente ele estará adaptado a ciclos longos sem nenhuma carga. E isso vai afetar na forma como o carro consome a energia da bateria.

Nissan Leaf é vendido no Brasil (foto: Nissan/ divulgação)

Segundo a maioria dos fabricantes, as baterias duram em média 3 mil ciclos de cargas e descargas completas. Então o comprador de um carro usado deve estar atento: ao diagnóstico de saúde da bateria, que geralmente é apresentada no computador de bordo do veículo e ao plano de manutenção do carro na concessionária, que inclui a verificação periódica do motor e da bateria;

Uma bateria com pequenos problemas pode ser reparada ou pode ter módulos trocados (elas não são mais peças inteiriças) se o caso for detectado a tempo. Caso não seja possível, aí é a troca, que já mencionamos anteriormente no texto.

Seguro

O seguro dos carros elétricos não diferem muito do seguro dos convencionais, segundo a Revista Quatro Rodas. De um lado o índice de furtos e roubos destes veículos é muito baixo (ainda).

De outro lado, apesar do motor elétrico, a manutenção ainda requer mão de obra escassa no país e isso encarece. E os seguros, cobrem danos na bateria? Geralmente não, mas também por isso você deve estar garantido que o carro passou pelas manutenções previstas no manual do fabricante, porque as baterias têm garantia dos fabricantes.

Vale a pena sempre checar o valor do seguro com um corretor antes de adquirir um carro usado, qualquer que seja.

A economia vale?

Ter um carro elétrico ainda é algo para poucos e ainda é algo mais relacionado ao status do que a sustentabilidade ou economia. No final de 2021 o custo médio de uma carga completa em um carro elétrico é de R$ 50,00. A autonomia é média é de 350 km.

Para um carro convencional o custo de encher um tanque é, em média, de R$ 260,00. A autonomia é de cerca de 500 quilômetros.

A diferença de um carro básico usado comum e de um elétrico é de cerca de R$ 100 mil. Se você enche o tanque 2 vezes por semana, vai empatar essa diferença em cerca de 4 anos. É um negócio onde não vimos vantagem.

As perguntas que você deve se fazer

O resumo das considerações antes de saber se vale a pena comprar um carro elétrico usado:

a) eu tenho onde carregá-lo?

b) eu tenho condições de arcar com a manutenção de um carro elétrico?

c) a autonomia e o tempo de recarga atendem minhas necessidades?

d) qual a saúde da bateria do veículo?

e) o veículo está com as manutenções em dia?

f) eu rodo o bastante para ter uma economia a curto prazo com combustível?

Conclusões

Nossa conclusão é que para efeito de economia o carro elétrico usado ainda não é uma alternativa. Mesmo sendo mais barato que um elétrico zero quilômetro, ainda é um custo muito alto. No caso, uma alternativa melhor seriam os veículos híbridos, que combinam motor elétrico com um motor convencional.

Colocar um carro elétrico na garagem também demanda gasto para adaptar o seu espaço. Se você quiser uma carga em maior velocidade terá que colocar uma tomada no padrão solicitado pelo fabricante.

Chevrolet Bolt (divulgação/ Chevrolet)

Se o seu uso estiver fora dos grandes centros (Rio, São Paulo), você não vai poder ir muito longe, porque não existem eletropostos em grande número. Se essas coisas não forem empecilho para você adquirir um veículo usado você já percebeu que a grande atenção deve ser centrada no conjunto de baterias.

Por fim, quando você gasta mais de R$ 100 mil em um carro você quer que no mínimo ele seja confortável e ofereça alguma diversão ao dirigir. Nossa opinião: carros como o BMW I3, o Mini elétrico, o Chevrolet Bolt e os SUVs elétricos da JAC podem lhe atender. O Renault Zoe, que mais parece um Kwid, vai lhe decepcionar.

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