A subida galopante do preços dos combustíveis, além de ferrar com o bolso do brasileiro, nos faz pensar em como gastar menos.
Adaptando a fala do personagem pão duro Julius, de “Todo Mundo Odeia o Chris”, ‘se não usar o carro o desconto é maior’. Mas como não dá para não usar o carro, vamos utilizá-lo com sabedoria. Veja abaixo os principais mitos que já foram ditos em relação à economia de combustível.
Andar sempre em marcha alta
A premissa é correta. Andar sempre em marcha alta, mantendo o giro baixo, ajuda a economizar. Mas isso não significa que você deva ir da inércia à quinta marcha em instantes.
Há um limite entre usar marchas altas e o tempo certo da troca. Esperar o carro chegar aos 4.000 rpm para ir de primeira para segunda, de segunda para terceira, e assim por diante, fará o motorista chegar logo na velocidade máxima, mas o fará também gastar muito combustível.
Por outro lado, fazer a troca com 1.500 rpm fará com que o carro também gaste combustível para responder à altura. O ideal é achar o meio termo.
Colocar o carro em ponto morto nas descidas
Além de mito, ainda coloca a segurança dos ocupantes do veículo em risco e é infração de trânsito.
A famosa banguela até tinha algum efeito em consumo em motores antigos, a carburador. O motor realmente parava de receber combustível, o que significava economizar.
Já os motores atuais, com injeção eletrônica, entendem que ao pararem de receber aceleração irão acabar morrendo, então o sistema segue injetando combustível, mesmo durante a banguela.
Nos dois casos, a perda para o carro será grande. Em ponto morto, outras peças são sacrificadas. O sistema de freios, por exemplo, será sobrecarregado por causa da ausência do freio-motor, podendo, em casos mais severos, deixar de funcionar, colocando todos no carro em risco.
Desligar o ar condicionado e abrir as janelas
É verdade que o ar condicionado gasta energia, o que no carro significa gastar combustível, mas deixar de usar o ar condicionado e abrir as janelas não significam exatamente economizar.
Se você estiver em uma estrada em alta velocidade com as janelas abertas, o atrito do ar será tanto que irá agir contra o carro. Em outras palavras, o ar irá segurar o veículo, obrigando-o a gastar mais combustível para se locomover.
Usar aditivos para o motor
Não é raro você parar para abastecer e o frentista vir com um sorriso e uma frase feita: “chefia, vamos estar colocando esse aditivo pra melhorar na economia do combustível?”. Infelizmente, é mais um mito.
Os aditivos irão agir para impedir a formação de compostos químicos que com o tempo atrapalham o bom funcionamento do motor.
Em outras palavras, eles, no máximo, irão impedir que seu carro comece a ficar mais gastão com os anos. Ok, ajuda a gastar menos? Pelo efeito indireto e a longo prazo, sim. Mas não é algo de efeito prático e imediato, como vendem por aí. Também não é barato.
Fazer a limpeza dos bicos injetores também ajuda o carro a voltar ao estado normal de consumo, mas ninguém sai por aí fazendo limpeza toda semana ou todo mês, simplesmente porque não é simples, lógico ou barato.
Usar gasolina de maior octanagem
Outra dica de economia de pouco efeito prático. A maior octanagem do combustível ajuda no desempenho do veículo, já que o combustível é mais resistente à detonação provocada pela faísca da vela, resultando em mais potência. Veja: potência e não economia de combustível.
Além disso, o desempenho só melhora, de fato, em veículos premium, que usam motores de alta compressão, como carros Mercedes, Porsche, Ferrari, e por aí vai.
Os motores turbo, que cada vez mais equipam modelos no Brasil, irão também ganhar em desempenho, mas, como o combustível anda caro, pagar 20% a mais por uma gasolina Podium, Octapro ou V-Power Racing não parece ser exatamente economizar…
Já os motores 1.0 aspirados em nada vão ganhar com a alta octanagem, já que não trabalham com alta compressão. Não caia nessa.
Esquentar o motor antes de sair
Essa é das antigas. Você acorda, liga o carro, volta pra casa para tomar o café e escovar os dentes e, então, o carro está pronto para sair.
O exemplo acima era muito utilizado por quem tinha carro a álcool nos anos 80 e 90. Mas desde a chegada da injeção eletrônica não faz mais sentido esquentar o motor.
Hoje, muitos espalham o mito de que sair com o carro já na temperatura ideal ajuda a economizar combustível. É até verdade que para o carro é melhor atingir a temperatura certa, mas isso se dá naturalmente, já com ele em movimento.
Enquanto o carro não chega na temperatura, é bom evitar arrancadas ou forçadas do tipo, mas só isso. E deixar o carro ligado por um tempo, além de ser perda de tempo, na verdade, é também consumir combustível desnecessariamente, justamente o oposto da premissa do mito.