Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da música brasileira, morreu aos 75 anos. Rita era jipeira e tinha uma história com um Jeep Willys 1951 que ela comprou do pai e batizou com o nome dele: “Charles”. A história é contada pela própria Rita Lee ao podcast “Papo de Jeepeiro”, gravado em 2021. Leia abaixo e ouça o podcast ao final.
O podcast é um produto publicitário da marca Jeep, pela ocasião dos 80 anos da marca no Brasil. Rita contou a proximidade que teve com o carro, que considerava forte, imponente. “Eu via os outros carros e eu achava horrível, sem estilo”, disse ao podcast comandado pela jornalista automotiva Karina Simões.
O carro chegou à vida de Rita nos anos 50. O pai dela era dentista no centro de São Paulo usou as economias para comprá-lo. A escolha pelo modelo, segundo Rita, foi pela robustez de um carro de guerra. “Veio vindo um Jeep lindo, 51, capô baixo, todo de ferro, capota verde. Meu pai falou assim: esse é meu carro que meus bisnetos vão dirigir. Ele vai estar ótimo, não vai quebrar nada, esse era um carro para a guerra”, contou.
A família de Rita passou anos usando o carro para ir até ao Parque do Ibirapuera, que na época era chamado de “floresta do Ibirapuera”. O carro também era usado para passeios na região onde hoje é o bairro do Morumbi. Na época o local era área de fazendas e um bom lugar para fazer trilhas.
Herança, carinho e experiência sobrenatural
Rita comprou o carro anos depois por 2 mil cruzeiros. Segundo ela, um preço camarada de um negócio de pai para filha. Ela pintou o carro na cor salmão e colocou pneus com tala larga. Era o carro que Rita usava para fazer trilhas e se deslocar para o Guarujá.
Foi em uma destas viagens ao Guarujá que Rita diz ter vivido uma experiência sobrenatural. “Estava indo pela Anchieta, indo acampar no Guarujá. Na direção oposta vimos no acostamento um rapaz. Eu prestei atenção porque era um rapaz que tava com uma postura reta, serena até. Eu achei estranho porque era noite. E lá na frente tinha dito um desastre, um carro atravessado na pista e um outro. Eu parei o jipe e ali tinha um cara desesperado. ‘O cara morreu, o cara morreu’. E tinha um cara morto dentro do carro. Era o rapaz que eu vi passar na pista”, contou.
Rita conta sobre seu jipe no podcast com muito carinho e revela que ele foi usado por várias vezes para dar carona ao também músico Jorge Ben Jor. Jorge, inclusive, fez uma música para Rita chamada “Rita Jeep”:
Jeep no Minhocão
O jipe de Rita Lee teve um fim trágico, segundo ela própria contou ao podcast. Rita, no entanto, não deu datas precisas na entrevista e também não explicou as circunstâncias de um conhecido ter sumido com o seu “Charles”.
“Foi o primeiro carro, até que um falso amigo chegou em casa e pediu emprestado o jipe para buscar um instrumento (…). Emprestei para ele, passou um dia, dois, três e ele me liga. Bem maldito mesmo e ele falou: – Joguei seu jipe de cima do Minhocão, não restou nada, o ferro velho já levou embora e já amassou. E desligou o telefone na minha cara. Eu fiquei em choque como se tivesse perdido um parente. Eu perdi um parente”, contou Rita que nunca mais teve notícias do carro.
Rita não revelou nessa entrevista quem era a pessoa que fez isso com o carro, mas em sua autobiografia lançada em 2016 ela conta que se trata de Arnaldo Baptista, músico e ex-marido da cantora, que bateu o veículo contra um post na descida do elevado João Goulart em São Paulo, o Minhocão.
O incidente marcou Rita e sua família. “Uma serra elétrica no coração teria doído menos. Quando meu pai soube do fato se descontrolou, queria sacar o revólver e ir à caça daquele maldito”, conta em “Rita Lee, uma autobiografia”.
Rita é um ícone da música nacional. Aqui fica nossa homenagem à ela. Abaixo está o podcast da Jeep que foi veiculado em 2021: