Regras do Corpo de Bombeiros para carro elétrico podem inviabilizar eletrificação da frota em SP

Novas regras da instituição vão exigir um espaço maior para atender veículos elétricos e tornar operação cara

Uma consulta pública criada pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo pode inviabilizar o carro elétrico no estado e, consequentemente, no país. É o que aponta o setor. As novas regras são pensadas na segurança, mas podem encarecer e dificultar a vida de quem quer ter um carro 100% elétrico.

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As propostas foram apresentadas na sexta-feira (5) e serão debatidas por 30 dias, antes de serem regulamentadas. Entre as ideias, estão a obrigação de prédios instalarem dispositivos de segurança, como equipamentos que desliguem os carregadores de forma manual, a até 40 metros do aparelho.

Regras do Corpo de Bombeiros para carro elétrico
Ponto mais polêmico da regra prevê um espaçamento grande entre carros elétricos em vagas com carregadores

Os pontos mais polêmicos são sobre as vagas de recaga. A proposta sugere que um carro fique 5 metros distante de qualquer outro veículo em carregamento. Em prédios residenciais, onde cada espaço conta como vaga, haveria uma clara perda de espaço. Caso os moradores prefiram, poderao construir paredes corta-fogo entre os veículos, mas haveria um custo envolvido.

Em garagens cobertas, o Corpo de Bombeiros recomenda a instalação de sprinklers e de detectores de fumaça em todo o espaço de garagem. Caso a recarga seja feita dentro de paredes corta-fogo, os chuveiros automáticos podem ser individualizados. Carregadores em áreas de pior acesso em garagens seriam proibidos.



Caso a proposta seja aprovada como está, todos os locais que desejarem ter carregadores de veículos automáticos terão um ano para se adequarem. Mesmo aqueles prédios que já estão regularizados terão que se adequar novamente.

Empresas do setor, como a Eletricus, especializada em infraestrutura para recargas, avaliam que a medida irá inviabilizar sobretudo os pontos de recarga mais simples, em prédios residenciais. E mesmo em estacionamentos particulares e prédios corporativos a maior ocupação de espaço de a alta de custos poderão ser entraves. Pode ser o fim do carregador público, item indispensável na expansão do segmento.

“Se a questão são os veículos elétricos, devido as baterias de lítio, que, ainda assim, são extremamente seguras, não seria um erro você condicionar a implementação aos carregadores e não aos veículos?”, questiona Evandro Mendes, CEO da Eletricus. Ele afirma que, a cada 100 mil carros verificados, a incidência de incêndios em veículos a combustão é 61 vezes maior do que em elétricos.

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Em entrevista à Folha de São Paulo, Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), afirma ser importante haver espaço para apresentar propostas nesta fase de consulta pública. “Não há necessidade de construir muros, parece que se está lidando com algo do qual não se tem conhecimento. Esses automóveis são equipados com controles de carga e de temperatura das baterias, e não temos registros de incêndio de carros elétricos no Brasil. A nossa preocupação é justamente diminuir essa preocupação excessiva, o carro elétrico é muito seguro”, afirmou o executivo ao jornal.

Atualmente, recarga de veículos elétricos é feita em vagas de tamanho padrão

Segundo o Corpo de Bombeiros, a implementação de regras é necessária por causa do potencial risco de ignição das baterias de íon-lítio, com chamas de difícil controle e emissão de gases tóxicos em espaços fechados. E que seu Parecer Técnico “foi desenvolvido a partir do diligente trabalho da Comissão Especial”.

E que “os incêndios em veículos elétricos são de difícil extinção, necessitando grandes quantidades de água”. De acordo com a própria instituição, citando “estudo globais”, a melhor maneira de combater o incêndio é por meio de rápida detecção. O Corpo de Bombeiros não citou se já atuou em algum incêndio do tipo em território paulista.

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