Posicionamento da marca fez Renault abrir mão de usar nome mais famoso do grupo em equipe da F1
A temporada 2021 da F1 trouxe inúmeras novidades. Uma delas é a Alpine, equipe estreante da F1 que rebatiza a Renault. É uma jogada que não deixa de ser comercial, já que o grupo Renault quer bombar a sua marca de esportivos, mas é também uma espécie de abrir mão de uma tradição.
A Renault é uma equipe com 384 GPs disputados desde 1977, tem dois títulos de construtores e de pilotos, 35 vitórias, 51 poles, 101 pódios, fora as inúmeras participações como fornecedora de motores – só aí com 12 títulos mundiais. É inegável que tenha cravado seu nome na história da F1. Então espanta um pouco imaginar que ela desista de batizar uma das 10 equipes da temporada.
Quem é a Alpine?
A Société des Automobiles Alpine SAS – comercialmente, apenas Alpine – é uma fabricante de carros esportivos e de corrida, fundada em 1955, na França. Seu fundador, Jean Rédélé, queria ter uma marca própria desde o fim da Segunda Guerra Mundial e levou uma década para cumprir o objetivo.
Seu sucesso chamou a atenção da Renault e em 1973 ela foi comprada pela gigante francesa. Venceu o mundial de rali de 1973 e a 24 horas de Le Mans de 1978. Com o tempo, a Renault foi matando a marca aos poucos, relegando-a a apenas alguns poucos esportivos. A produção própria foi encerrada em 1995 e a fábrica foi convertida em uma planta de esportivos da Renault.
Tudo mudou em 2017, quando a marca foi relançada com o modelo A110, baseado no campeão de rali de 1973, que era um primo do Willys Interlagos. O modelo chegou ao mercado com um motor 1.8 turbo, de 248 cv e 32,6 kgfm, capazes de acelerar de 0 a 100 em 4,5 segundos e atingir os 250 km/h.
Com novos lançamentos no horizonte, o grupo Renault decidiu rever sua estratégia e rebatizar sua equipe para Alpine. A ideia é fazer bonito nas pistas e aproveitar a grande exposição da marca para vender mais modelos, sobretudo na Europa. E deixar a Renault com seu catálogo de carros urbanos e mais pés no chão.
Uma estreia que poderia ter acontecido em 1968
Curiosamente, a Alpine poderia ter entrado para a F1 em 1968, antes mesmo da compra pela Renault. A montadora chegou a criar um protópito, o Alpine A350, equipado com o motor Gordini V8, mas no primeiro teste foi verificado que o carro não passava dos 300 cavalos de potência, contra 400 cavalos dos carros equipados com motor Cosworth V8.
Assim, o projeto foi abandonado precocemente, e o A350 foi destruído, apagando pra sempre a primeira tentativa da Alpine de entrar para a F1. Em 1977, já comprada pela Renault, fez parte de outro protótipo, o Alpine A500, que culminaria no primeiro modelo da Renault na F1. Durante o projeto, o carro acabou sendo batizado de Renault e o protótipo está hoje em um museu na França.