Preço do carro vai baixar ou subir? Montadoras prometem investir R$ 50 bi no Brasil

Só Stellantis, GM, Volkswagen e Great Wall já prometeram investir R$ 43 bi juntas.

A alta do preço dos carros bem acima da inflação, acelerada durante a pandemia, fez muita gente se assustar e se questionar quando será um bom momento para trocar de carro. Um dado pode ajudar a chegar a esta resposta: as montadoras prometem investir R$ 50 bi no Brasil nos próximos 3 anos.

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Segundo levantamento do Automotive Business, a Stellantis deve investir R$ 16 bi. Great Wall e a GM vão movimentar R$ 10 bi cada; Volkswagen R$ 7 bi, só para citar os maiores aportes que serão feitos até 2025. Nem está na conta um esperado investimento da Chery para eletrificar sua frota.

É um prazo relativamente curto para um valor alto. Mas chama a atenção o momento em que vivemos. Estamos tentando sair de vez de um de pandemia, enquanto o setor fabril ainda não chegou a sua plena capacidade de produção por ainda sofrer com um reflexo da covid-19: a falta de peças. Seria este um bom momento para investir? Não é melhor esperar um momento de maior altivez?

A resposta está na própria decisão das montadoras. A promessa de investimentos é uma prova de que há futuro no mercado automotivo brasileiro e que não há o que esperar para investir. Este é um ponto positivo, mas a resposta ainda não foi dada. O preço do carro vai cair?

Calma. Antes da resposta, vamos entender o que faz o preço estar alto e sem freios.

Lei da oferta e dólar alto

Um carro só subiu 40% em dois anos porque, primeiramente, há quem pague. As montadoras até perdem algumas vendas em volume por encarecer os veículos, mas aqueles que compram compensam por aqueles que não compram. As empresas agregam valor em cada venda e tudo fica bem, mesmo com ociosidade nas fábricas.

A lei da oferta e da demanda foi usada com inteligência mercadológica pelas montadoras. Sabendo que não conseguiriam entregar tantos veículos por falta de peças, elas mesmas baixaram a oferta de modelos, criando uma demanda maior de clientes, mesmo estes tendo diminuído.

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Simplificando: antes as montadoras produziam 10 e vendiam 10 pelo preço de 10. Hoje, elas produzem 6, vendem 6, mas pelo preço de 12. Genial, do ponto de vista empresarial. Uma pena que o ponto de vista empresarial não se alinhe ao do consumidor, muito menos ao do trabalhador.

“Ah, mas aí basta uma empresa furar essa lógica e fazer uma promoção agressiva. Ela vai vender muito mais e a montadora que subiu preços vai ter que baixar ou então vai quebrar”, alguém poderia sugerir. Só que qual empresa consegue aumentar tanto sua produção para atender a enorme demanda que viria? Lembrando: há falta de peças no mercado. Há também um segundo agravante: o dólar alto.

As montadoras são multinacionais. Elas prestam contas e enviam seus lucros para suas matrizes. Elas vêm, investem, empregam, mas o lucro vai embora daqui, usando uma explanação simples.

As matrizes não querem saber exatamente se um país possui política de câmbio extravagante, se o ministro da economia local muda as regras com a bola rolando. Ela quer preencher a planilha com o valor que ela esperava ter quando decidiu investir naquele lugar distante e com clientes.

Se um carro de entrada custa 15 mil dólares nos Estados Unidos, ele não pode custar 7 mil dólares na América do Sul, muito embora os custos de produção sejam diferentes. Tudo bem que os salários brasileiros viraram pó na alta do dólar, mas o conjunto precisa estar mais alinhado. E aumentar em mil dólares o lucro de um carro requer subir o preço em muitos reais num país como o nosso.

No nosso caso, o dólar subiu 25% desde o início da pandemia. Entrou em 2020 valendo R$ 4 e chegou a bater e R$ 5,90 no início do lockdown. Hoje, está um pouco acima dos R$ 5, em uma certa estabilidade malquista.

O preço do carro vai cair ou vai subir?

Com dólar estável e preços já alinhados com a realidade externa e com a lei da oferta e demanda na mão das montadoras, o que falta? Elas já podem parar de subir preços e baixá-los? A resposta é sim, elas podem. Elas irão baixar? Dificilmente agora.

Falta um ingrediente importante nesta receita ainda: a normalização da produção de semicondutores, principal peça em falta no mercado global. Tão logo o fornecimento seja normalizado, as empresas terão a possibilidade de esticar a capacidade produtiva e voltar àquela equação 10, 10, 10, com produção de 10, venda de 10 a preço de 10 – ou perto disto. É importante ter em conta que as montadoras elevaram a qualidade dos carros nos últimos anos, então para vermos preços realmente baixos, só se elas voltaram com os carros pelados.

Como a normalização dos semicondutores está prevista apenas para 2023, vamos ter que nos contentar em pagar um preço igual até lá, se tivermos sorte. E torcer pela queda nos preços da gasolina, outra luta perdida no Brasil…

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