Toda construção de uma fábrica é motivo de celebração, certo? Ainda mais sendo uma de R$ 30 bilhões de uma empresa como a Ford, que está praticamente se retraindo no mundo todo, correto? Não é bem assim no pequeno município de Stanton, no Tennessee, sul dos Estados Unidos. Os moradores estão preocupados com os investimentos.
Stanton tem apenas 452 habitantes, menos do que Serra da Saudade/MG, menor cidade do Brasil, com seus 800 moradores. A cidade americana é tão pequena que a chegada da montadora deve mudar para sempre sua alma tranquila. Só em postos de trabalho a Ford promete abrir 6 mil vagas, 13 vezes mais do que a população local.
Com tanta gente chegando para morar na cidade, o único restaurante local se vê obrigado a contratar mais empregados. “Muitos moradores se aposentaram aqui em busca de uma vida mais tranquila, livre da criminalidade. E tudo pode mudar”, alerta Lesa Tard, dona do Suga’s Dinner, restaurante com classificação 4,7 no Google, e que fecha às segundas e quintas-feiras. Apesar do tamanho, Stanton tem 4 igrejas e 3 cemitérios.
Pode não combinar com o lugar, mas a Blue Oval City, como será chamada a fábrica da Ford, será a maior e mais moderna planta da montadora, que irá entrar de vez na briga contra os elétricos da Tesla. Daqui a três anos, quando ficar pronta, além de montar 350 mil veículos no oeste do Tennesse, a fábrica irá produzir baterias em série.
A opção por se distanciar da sede, no Michigan, se dá por razões financeiras. Os terrenos e a mão de obra no Tennesse são mais baratos, e o governo local oferece incentivos fiscais. Outro estado que deve receber investimentos da Ford é o Kentucky. Ao lado de uma parceira coreana, a gigante americana deverá levantar duas fábricas de baterias.
No total, a Ford pretende gerar 11 mil postos de trabalho em solo americano, o que certamente irá mexer com muitas realidades. Em Stanton, os terrenos já estão mais caros e o trânsito já aumentou. E ainda faltam 3 anos para a inauguração.