Em resposta a uma consulta do Cade, no ano passado, a Ford informava que para vender SUVs não é necessária uma rede grande de concessionários.
O próximo passo da saída da Ford como fabricante no Brasil deve ser o fechamento em massa de concessionárias no Brasil e também na Argentina, os mercados que eram abastecidos pelas fábricas que estão sendo fechadas. Cento e setenta e cinco lojas devem encerrar as atividades como revendedores da marca nesses países a partir dos próximos dias.
A Ford tem hoje 283 pontos de venda no Brasil (veja tabela ao final do texto), sendo São Paulo (66), Rio Grande do Sul (32) e Minas Gerais (26) os estados com maior número de lojas. Na Argentina são 60 pontos de vendas e a previsão, segundo o Diário La Nación, é que até 15 possam ser encerrados.
A Ford acredita que 120 lojas no Brasil é o número ideal para sua nova operação, que é vender veículos mais caros que virão importados. Da Argentina continuará vindo a Ford Ranger, do Canadá vem o Edge, da China vem o Territory, dos Estados Unidos vem o Mustang, do México virá o Ford Bronco e a nova picape Maverick e do Uruguai virá a Transit, que na verdade será montada por lá, mas fabricada na China.
O novo entendimento de mercado que a Ford aplica agora à sua rede já era explicitado há oito meses quando a Ford foi consultada pelo Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, sobre a fusão entre a Fiat e a Peugeot, que formaria mais tarde a Stellantis. A Ford e outras montadoras foram consultadas porque o Cade queria saber os riscos de concentração de mercado. A Ford informou, na época, não se opor a fusão.
“Rede extensa não é essencial”
Na consulta, que é pública e pode ser acessada pela internet, o órgão federal questionou a Ford: “Para ser um player efetivo no mercado brasileiro de fabricação e fornecimento de SUVs é necessário que as montadoras tenham extensa rede de concessionárias?“.
A Ford respondeu em 24/06: “De acordo com o melhor entendimento da Ford, uma extensa rede de concessionárias não é essencial para que um player seja efetivo no segmento de SUVs. No entanto, quanto maior a rede, maior a distribuição e, consequentemente a tendência de penetração do produto no mercado“.
O Cade fez a mesma pergunta sobre hatches pequenos, veículos mais populares como o Ford Ka, e a Ford respondeu o seguinte: (…) “pode-se afirmar que demanda uma rede maior se comparado a outros segmentos“.
Era justamente um hatch pequeno – o Ka – que colocava a Ford entre as seis maiores vendedoras de carros no país. O Ka custava cerca de R$ 53 mil, em sua versão de entrada, e mantinha aquecida a venda na rede de concessionários. Agora, o carro mais barato da Ford no Brasil é a Ranger, que parte de R$ 160 mil. Como comparação, a BMW tem hoje 53 concessionárias no Brasil e a Fiat, 525.
Segundo o AutoEsporte, a Ford terá um obstáculo para manter seus concessionários, mesmo que poucos. Outras fabricantes têm sondado lojistas descontentes com a marca e oferecendo benefícios para a migração.
Onde (ainda) estão as lojas da Ford no Brasil?
Estado | Lojas | Estado | Lojas |
---|---|---|---|
Acre | 1 | Pará | 3 |
Alagoas | 4 | Paraíba | 3 |
Amazonas | 2 | Pernambuco | 8 |
Amapá | 1 | Piauí | 2 |
Bahia | 14 | Paraná | 25 |
Ceará | 5 | Rio de Janeiro | 19 |
Distrito Federal | 6 | Rio Grande do Norte | 2 |
Espírito Santo | 9 | Rondônia | 5 |
Goiás | 10 | Roraima | 1 |
Maranhão | 5 | Rio Grande do Sul | 32 |
Minas Gerais | 26 | Santa Catarina | 22 |
Mato Grosso do Sul | 5 | Sergipe | 2 |
Mato Grosso | 4 | São Paulo | 65 |