A prefeitura de São Paulo proibiu a circulação dos primeiros tuk-tuks da cidade. Ela barrou as operações da empresa Grilo, operadora de transporte por aplicativo que desde a semana passada oferece os serviços de mobilidade por meios de triciclos elétricos, popularmente conhecidos como tuk-tuks.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) se baseou em uma lei federal que não permite a circulação destes veículos, além de uma lei do próprio município que em janeiro deste ano barrou o Uber Moto. Para a prefeitura, o serviço de tuk-tuks é como o de mototáxi só que com mais charme. O prefeito também afirma que o objetivo da proibição é evitar acidentes e mortes no trânsito. A capital paulista registrou, em média, uma morte por dia de motociclistas ao longo do primeiro trimestre de 2023.
A justificativa da proibição se dá um dia depois de a prefeitura admitir não conseguir cumprir a meta de reduzir o número de mortes no trânsito. O município divulgou anteriormente, no plano de metas, que pretendia reduzir o número de óbitos de 7 para 4,5 a cada 100 mil habitantes. Este objetivo não consta mais no plano.
A prefeitura afirmou já ter notificado a Grilo e se mostrou irredutível durante uma reunião realizada hoje com representantes da empresa. Segundo o município, os veículos para operação em aplicativo precisam ser do tipo automóvel e seus condutores precisam ter habilitação profissional na categoria B para operarem como se fossem Uber ou 99.
A Grilo afirma ter renavam e licenciamento para os modelos. A empresa alega também que seus veículos não são considerados motocicletas e que todos possuem homologação pela Secretaria Nacional de Trânsito – Senatran – na categoria Triciclo Elétrico de Cabine Fechada.
Outro argumento da Grilo é que toda sua frota é emplacada pelo Detran para rodar nas vias públicas, exceto rodovias. A velocidade máxima do veículo de 50km/h garante a segurança nos centros urbanos, justifica a empreasa.
A Grilo opera na cidade com 20 tuk-tuks, que circulam dentro de uma área de cobertura de 5,5km² nas regiões da Avenida Paulista, Consolação, 23 de Maio e Bela Vista. A empresa vinha investindo pesado em publicidade nas redes sociais, até ser barrada pela prefeitura.
A história dos tuk-tuks: da Ásia para o mundo
Os tuk-tuks são um tipo de veículo de três rodas que se tornaram populares e icônicos em muitos países asiáticos como Índia, Tailândia, Sri Lanka, Filipinas e Indonésia. A história dos tuk-tuks remonta ao Japão, onde foi criado um pequeno carro de três rodas conhecido como “kei jidosha” após a Segunda Guerra Mundial, que ajudou a aliviar a escassez de combustível e a necessidade de um transporte acessível.
Essa ideia de um veículo pequeno e econômico se espalhou para outros países, incluindo a Tailândia, onde os tuk-tuks foram introduzidos pela primeira vez na década de 1950 como um meio de transporte barato para os moradores locais. Eles rapidamente se tornaram populares devido à sua capacidade de navegar pelas ruas estreitas das cidades e à sua facilidade de manobra no trânsito caótico.
Os tuk-tuks, também conhecidos como auto-rickshaws, são geralmente alimentados por um motor de combustão interna que é projetado para economizar combustível. Eles têm espaço para dois passageiros na parte de trás e um motorista na frente, e são conhecidos por suas cores vibrantes e decoração extravagante.
Hoje, os tuk-tuks são amplamente utilizados em muitas partes do mundo como uma opção de transporte barata e fácil de usar, inclusive em países desenvolvidos da Europa. No entanto, a popularidade dos tuk-tuks também levanta preocupações sobre a segurança dos passageiros e a poluição do ar, e muitos governos estão trabalhando para regulamentar a indústria para garantir a segurança e a sustentabilidade.