Imagine Lionel Messi no Real Madrid, Cristiano Ronaldo no Barcelona. A confirmação da ida de Lewis Hamilton para a Ferrari caiu como uma bomba para os fãs da Fórmula 1. Um terremoto do tamanho das grandezas do piloto britânico e da equipe italiana. Mas até que a mudança faz sentido.
Ayrton Senna, a maior inspiração do piloto heptacampeão do mundo, dizia que gostaria de pilotar pela Ferrari no final da carreira. A idéia era ir para a Williams em 1994, ganhar uns dois ou três campeonatos, igualar ou passar Fangio em títulos e finalizar a carreira na maior equipe de todos os tempos, mesmo ela estando em baixa. Seria como fechar com chave de ouro a história dele de sucesso na F1. Infelizmente, não aconteceu.
Hamilton tem a chance de realizar o mesmo desejo. Já heptacampeão, já o maior vencedor de corridas de todos os tempos e cheio de conquistas pessoais, o britânico vai ter o prazer de guiar pela equipe mais icônica do grid e assim se despedir do circuito.
Com contrato com a Mercedes até o fim de 2024, o piloto só assinará com a Ferrari em 2025, ano em que completará 40 anos. Muito velho? Nigel Mansell, compatriota de Hamilton, foi campeão em 1993, aos 39 anos de idade e correu até 1995, aos 41. Alain Prost foi campeão em 1993, aos 38. Piquet ganhava corridas aos 38. Isso sem contar nos primeiros pilotos, muitos deles cinquentões numa outra era da F1.
Mas a ida de Lewis Hamilton para a Ferrari será muito mais do que ganhar campeonatos ou mesmo corridas. Seria terminar uma rica história de uma forma poética. Completa. Imagine um jogador de futebol que foi campeão de tudo, mas que nunca pisou no Maracanã? Talvez falte a Hamilton o gostinho de fazer um gol num Fla-Flu de domingo.
Diferentemente de Senna, que realmente não se importava em correr numa Ferrari sem chance de vitórias (embora os planos maiores fossem passar Fangio antes), a escolha de Hamilton é também esportiva. Ferrari e Mercedes estão em nível técnico muito parecido, após o fim da temporada 2023, vencida de forma demolidora por Max Verstappen. Seria, no mínimo uma andada de lado para o piloto, mas com chances boas de subida de patamar. O contrato será de 3 anos.
Difícil, mesmo, é correr de igual para igual com Verstappen. Para isso, só se o britânico assinasse com a Red Bull e tivesse o mesmo carro do holandês. Infelizmente, não parece haver tempo para vermos esse duelo. Infelizmente.