O que aconteceu com as fábricas de antigas marcas brasileiras de veículos?

Duas antigas montadoras deram lugares à centros modernos de aviação. Outras tiveram o patrimônio leiloado como sucata. Veja o que aconteceu com antigas fábricas nacionais

Ao longo dos últimos 50 anos diversas empresas nacionais se arriscaram a colocar veículos no mercado para concorrer com as marcas tradicionais. O que aconteceu com essas empresas você já deve saber. Mas… e as fábricas que elas montaram, o que funciona lá hoje? Turboway traz alguns casos promissores e também de abandono do patrimônio.

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Gurgel

Não foi a fabricante nacional de maior êxito, mas certamente é uma das mais lembradas. A Gurgel fechou as portas em 1994 e tinha uma fábrica em operação na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, onde era sua matriz.

Com a falência a massa falida da Gurgel vendeu o maquinário que estava na fábrica, boa parte como sucata. O terreno e os galpões da fábrica, que ficava às margens da Rodovia Washington Luiz, foi leiloado e hoje é um condomínio empresarial. A empresa chegou a projetar uma segunda fábrica no Ceará, que nunca saiu do papel. Sobre ela falamos aqui.

Antigo prédio da Gurgel, em Rio Claro, hoje é um condomínio empresarial que abriga várias empresas (foto: reprodução/ Google Street View)

Engesa

A Engesa era uma fabricante de veículos militares, inclusive tanques de guerra. Fornecia para o Exército Brasileiro e também exportava sua produção. Chegou a produzir jipes para uso civil e muitos deles ainda rodam por aí. Sua fábrica ficava em São José dos Campos, interior de São Paulo.



A empresa entrou em uma crise financeira no final dos anos 80 e atribuiu a crise ao rompimento de contratos que a empresa tinha fora do país. A fábrica ficava na divisa de São José dos Campos e Caçapava e ficou por anos fechada. As peças que estavam na fábrica foram arrematadas por uma empresa. Já a fábrica foi comprada em 2001 para ser um depósito da Embraer.

Prédio da Embraer em antigo terreno da Engesa, em São José dos Campos (SP). Ao fundo um dos galpões da Engesa (foto: reprodução)

Atualmente o terreno da antiga fábrica da Engesa abriga a sede da EVE, a empresa da Embraer que desenvolve o “carro voador” (ou Evtol) da empresa.

CBT

Não foi só a antiga sede da Engesa que virou polo de aviação. A fábrica da antiga CBT, em São Carlos, é atualmente o Centro de Manutenção da Latam que fica na Rodovia Engenheiro Thales Peixoto Júnior, área rural da cidade. No local não há qualquer traço ou memória de que ali funcionou uma indústria automotiva e o acesso atualmente é restrito a funcionários da Latam.

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Centro de Manutenção da Latam fica onde anteriormente era a fábrica da CBT, que produziu o jipe Javali (foto: LATAM/ reprodução)

A CBT era a Companhia Brasileira de Tratores, criada nos anos 60 para produzir máquinas agrícolas com tecnologia nacional. Por 35 anos a CBT produziu tratores e também um jipe chamado Javali. A empresa quebrou na mesma época da Gurgel, em 1993, devido à queda nas vendas e a concorrência direta com produtos importados, que eram mais modernos. Sobre essa abertura de mercado dos anos 90 você pode ler aqui.

Quando a CBT faliu a fábrica foi assumida por uma cooperativa formada pelos antigos funcionários. A Justiça autorizou que eles assumissem a área como forma de saldar a enorme dívida trabalhista. Foram eles que negociaram o terreno com a companhia aérea em 2000, segundo um registro do Governo de SP.

Troller

A Troller foi uma das mais promissoras marcas nacionais e fechou suas portas por uma decisão de sua última controladora, a Ford. A fábrica estava instalada em Horizonte, no Ceará, quando em 2021 a Ford decidiu parar de produzir no Brasil para ser uma importadora.

O Governo do Ceará tentou intermediar que outro grupo assumisse a fábrica, mas até o momento nada se concretizou. Atualmente a fábrica da Troller nada produz. Ela fica no km 37 da Rodovia BR-116, tem 140 mil m² e ainda está com a Ford e possui um estoque de peças. Nada mais.

Vemag

Estabelecida na Rua Vemag, na região da Vila Prudente, em São Paulo (SP), a Vemag foi uma pioneira nacional na fabricação de automóveis. Era uma indústria brasileira que produzia veículos de outras marcas sob licença. A marca alemã DKW chegou por aqui pelas mãos da Vemag em uma associação parecida com o que temos hoje de Caoa-Chery, por exemplo.

Com o tempo a Volkswagen adquiriu a DKW na Alemanha e acabou adquirindo também a Vemag no Brasil. A Volks chegou a manter a fábrica até os anos 80 como depósito, escritório e fábrica de componentes. Depois se mudou e o local foi se deteriorando. A imagem abaixo é de 2022.

O que sobrou da fábrica foi fatiado e isso foi bem detalhado pelo site “São Paulo Antiga”. Parte da área da fábrica virou o Shopping Central Plaza. Outra parte está vazia, provavelmente aguardando um momento de maior valorização do bairro, que já se valorizou bastante com a chegada de shoppings, prédios e metrô. Aliás, a área da fábrica é vizinha de uma estação de trem.

Publicada originalmente em

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