Terminada a eleição para presidente da República, com vitória de Lula, muitos se perguntam se o preço da gasolina vai subir, já que o governo Bolsonaro estava segurando artificialmente os preços para evitar danos eleitorais. Vamos explicar aqui o que poderá ocorrer nas próximas semanas e até meses com o preço dos combustíveis.
Primeiramente, é preciso entender o que aconteceu nos últimos meses. Com preços livres e atrelados ao valor do barril do petróleo, e com dólar alto, o preço da gasolina escalou ao longo de 2022, chegando a mais de R$ 8 o litro em alguns estados. A Petrobras pouco segurou os preços, dando quase que imediatamente a atualização de preços conforme o preço do barril subia.
Com medo de danos à imagem em ano eleitoral, o governo Bolsonaro correu e abriu mão do liberalismo econômico. Pressionou a Petrobras para segurar preços e deu um passo ainda mais incisivo. Em junho, conseguiu aprovar no Congresso Nacional uma lei que limita a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados. Assim, quase que em um passo de mágica, os preços despencaram. Em SP, os preços caíram para menos de R$ 5 o litro, perto de R$ 2 a menos do que no auge da cobrança, todos se lembram.
Nos meses que se seguiram, coube à Petrobras (sob ordens presidenciais) dosar as altas, evitando impactos a Jair Bolsonaro. Este tipo de pressão se encerrou ontem, com o fim das eleições. Sem um objetivo eleitoral, é muito provável que a gasolina suba todo o valor que estava artificialmente defasado. Mas quanto?
Segundo a Abicom – a associação dos importadores de combustíveis – a defasagem neste momento é de R$ 0,75 por litro. Não se sabe em quanto tempo este valor será repassado, mas fatalmente será. É provável que nesta primeira semana de novembro os primeiros reajustes para cima sejam anunciados. A última pesquisa ANP já mostrou uma alta de 3 centavos no preço do litro, hoje em R$ 4,91, em média.
Outra questão a se resolver é a perda de arrecadação dos estados. A lei aprovada em junho no congresso estourou a bomba para os governadores, que ficaram em compasso de espera, meio que aguardando o fim do pleito presidencial para saber de quem cobrar. O assunto certamente estará em pauta para 2023. Em troca de apoio, é possível que o novo governo federal tenha que ceder em algum ponto. Mas contra um desgaste prematuro, é possível também que seja costurado um outro tipo de acordo que garanta maior arrecadação aos estados, sem a subida de preços dos combustíveis.
Até o fim de 2022 é provável que sejam recompostos ‘apenas’ os preços de mercado, baseados em barril de petróleo e em dólar. Se os dois caírem no curto prazo, o impacto no bolso será menor. Caso não melhorem, espere preços até R$ 1 mais caro em cada litro abastecido até o fim do ano. Desta vez não há nenhum governo a se preservar, muito pelo contrário…