Nissan investiga espionagem entre executivos em mais uma crise interna

Montadora japonesa vive tensão em meio às renegociações de sua aliança com a francesa Renault

Em meio a uma grande crise em torno de sua aliança com a Renault, a Nissan investiga agora um episódio de espionagem interna envolvendo dois dos principais executivos da marca, de acordo com a Agência Reuters.

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Segundo a informação que estava em uma carta enviada ao conselho da Nissan, o CEO Makoto Uchida fez uma investigação particular sobre o diretor de operações da empresa, Ashwani Gupta. A carta foi obtida inicialmente pelo jornal Financial Times.

A vigilância foi uma tentativa de obter informações que pudessem ser usadas contra Gupta, que se posicionava contra os termos de um novo acordo com a Renault, assunto central para a atual administração da marca. A empresa japonesa reluta para se reposicionar dentro da parceria que ela considera injusta (leia mais abaixo).

A denúncia foi feita internamente aos conselheiros da empresa por um consultor da empresa. Segundo as informações obtidas pela Reuters, Gupta conduziu um trabalho muito eficiente dentro da Nissan e era um dos favoritos para o futuro posto de CEO. Ashwani Gupta saiu da empresa este mês.

Para a Agência, a Nissan respondeu que contratou auditores independentes para investigar a denúncia.

O que move a crise na Nissan?

A Nissan vive nos últimos anos uma crise em sua administração que envolve investigações internas e problemas com executivos.

Para contextualizar, a Nissan e a Renault estão dentro de uma aliança que começou em 1999.

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Esta aliança foi articulada pelo ex-executivo brasileiro Carlos Ghosn, que posteriormente foi preso acusado de irregularidades financeiras à frente da empresa.

A parceria com a Renault foi muito útil para a Nissan ao longo dos anos porque a empresa mergulhou em uma crise financeira alimentada por estratégias erradas e benefícios exagerados da administração anterior à Ghosn. Mas com o passar dos anos a situação de viver à sombra da Renault parece que incomodava os acionistas da Nissan. A situação também desagradava o governo japonês, que sempre acompanhou de perto o cenário na montadora.

Ghosn foi condenado e preso no Japão motivado pelas denúncias da Nissan. Em 2019 ele estava em prisão domiciliar e conseguiu fugir para o Líbano, país onde também tem cidadania e onde mora atualmente.

O executivo brasileiro nega estas acusações e alega ser vítima de um complô dos conselheiros da Nissan que não aceitavam sua administração que promoveu um duro bloqueio contra benefícios considerados exagerados e que conduziram a empresa para uma crise financeira no passado.

Carlos Ghosn agora processa a Nissan e a empresa trabalha atualmente para renegociar seu acordo dentro da parceria com a Renault porque seus executivos consideram os termos injustos.

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