Capacidade medida em volumes sai de cena aos poucos e torque ganha evidência na nomenclatura de versões.
Foi o tempo em que medíamos um carro por aqueles dois números separados por um ponto: “meu Vectra 2.0”, “o Golzinho 1.0 do fulano”, “prefiro 1.6 porque ultrapassa melhor”, etc, são frases que tendem ao desuso. Foi o tempo também em que as fabricantes criavam versões baseadas no volume do motor: esqueça ver um Tracker 1.0, um T-Cross 1.4 daqui para frente.
O motivo é uma estratégia silenciosa das fabricantes, que querem a todo custo evitar uma ‘desmoralização’ de um carro, já que o público até aqui foi condicionado a valorizar veículos acima de 1.6 e achar populares demais os 1.0. Nada mais que marketing.
A atual tendência pelos motores turbo, que cada vez mais equipam carros no mercado, criou uma situação que definitivamente não foi bem vista pelo mercado. Motores menores passaram a cumprir a mesma potência ou até mais do que motores maiores aspirados. Não é exagero dizer que um motor 1.0 turbo possa render mais do que um 1.6 aspirado.
Assim, mesmo carros maiores como Chevrolet Tracker e VW T-Cross são equipados com motores turbo 1.0 de 3 cilindros. Um motor aspirado do tipo costuma equipar, no máximo, um hatch de entrada – e está cada vez mais raro no Brasil.
E mesmo modelos premium usam motores 3 cilindros. O BMW Serie 1 utiliza um motor 1.5 turbo de 3 cilindros, que desenvolve 140 cv e 22,4 kgfm. A vantagem para o consumo é inegável e até as montadoras que não se preocupam com preços já notaram isso.
A saída é o torque
Já que usar a capacidade cúbica do motor não é mais uma opção para nomear as versões turbo, a saída encontrada pelas montadoras foi usar o torque, este inabalado com a chegada do turbo.
Mas em vez de usar a unidade mais convencional no Brasil, a quilograma força x metro (kgfm), sempre quebrada por uma casa decimal, a opção foi usar a unidade newton x metro (Nm), mais ‘limpa’, com três dígitos e sem casa decimal.
Olhe para as ruas e veja que as nomenclaturas já estão por aí. Temos o VW Polo 200 TSI, VW Jetta 250 TSI, VW Tiguan 350 TSI. A Volkswagen foi uma das pioneiras em adotar o torque no nome da versão, mas não é a única. O novo Jeep Compass, por exemplo, tem versões atreladas ao torque, como o T270, com 270 Nm ou 27,5 kgfm.
O futuro é kW
Se o presente ainda exige uma certa virada de chave para o consumidor, o futuro demandará outra, ainda maior. Com a inevitável eletrificação dos carros, as montadoras tendem a nomear seus novos modelos pela capacidade de carga ou pela potência medida em kWh – kilowatts/hora. E, muito mais do que escolher uma versão que agrade mais, o consumidor terá que fazer novos tipos de cálculos para saber qual o carro mais potente ou mais econômico.