As montadoras de carros europeias, tão tradicionais em praticamente todos os mercados, estão sendo acusadas de perder a mão e ‘fabricar carros para ninguém’. Será um exagero ou elas realmente estão fazendo tudo errado?
A acusação não é uma unanimidade. Mas a imprensa europeia vem questionando os métodos empregados pelas principais montadoras do país principalmente na relação com a China. E comparando com o comportamento de outros mercados, principalmente com o americano.
Em relação à China, a principal queixa é no equilíbrio da balança. Os carros chineses invadiram a Europa, é verdade. Com preços muito mais baixos, os chineses ganharam espaço, também, pela inércia das montadoras europeias, que pouco eletrificaram sua frota para concorrer. Isso não é grande novidade para quem enxerga o mercado há mais tempo.
O que mudou recentemente e vem mexendo com essa balana comercial é o desinteresse do chinês pelo carro europeu. Isso é grave. Historicamente, em qualquer momento do mercado chinês, de baixa ou de alta, como agora, o cidadão chinês sempre comprou carro europeu, principalmente o premium.
O chinês sempre fez fila para ter um BMW, um Mercedes, ou um Jaguar, por exemplo. Também sempre consumiu aos montes modelos Volkswagen. E eles simplesmente estão comprando menos. E não é porque eles não gostam mais das marcas.
Os modelos simplesmente não estão atendendo mais ao gosto do chinês, que evoluiu em busca de novidades. Seja a falta da eletrificação, seja a falta de algum mimo tecnológico, o chinês está decepcionado com a má vontade das montadoras europeias.
As montadoras europeias estão deixando de lucrar em um mercado de altíssimo valor. O maior cliente da Volks está na China. Se o país asiático está fechando as portas, os europeus estão tendo que se virar no mercado local. E na Europa não está fácil.
Mostramos, recentemente, que a Volkswagen está fechando fábricas na Alemanha. Segundo a Reuters, a montadora cortou pela segunda vez em menos de três meses a previsão anual de lucros, culpa das baixas vendas de carros de passeio. Mercedes e BMW rebaixaram as previsões como resultado do enfraquecimento da demanda na China.
A Stellantis não está atrás. O conglomerado cotou a previsão de lucro e culpou a dificuldade de vendas de Jeep e Dodge nos EUA e, adivinhe, concorrência chinesa. A margem de lucro pode chegar a 5,5% no ano, praticamente metade do nível anterior, na casa dos dois dígitos.
O grande problema das montadoras europeias é o longo prazo. As empresas estão tendo dificuldade em eletrificar as frotas, mesmo com duras leis no continente caminhando nesse sentido. Os grandes mercados globais vão consumir carros eletrificados cada vez mais. E se a Europa não entregar, sempre terá uma marca chinesa com pronta entrega para atender.
