A versão mais completa do Renault Kwid (Outsider) está custando R$ 85 mil. Isso se o comprador se contentar com a cor preta, afinal escolhendo a cor o subcompacto adiciona mais R$ 1.500,00 no preço. O mesmo acontece com o Mobi Trekking, que sai por R$ 81.500,00 e com a escolha de cores pode chegar a R$ 85 mil. Mas vale a pena pagar mais de R$ 80 mil em carros de entrada das montadoras?
Primeiro vamos pontuar que muitos perfis em redes sociais e até sites automotivos vêm informando que o Mobi chegou aos R$ 95 mil. Embora os R$ 85 mil destas versões já beire o absurdo, os R$ 95 mil citados são para gerar cliques. Só é possível chegar aos R$ 95 mil do Mobi se o comprador for no site da Fiat e adicionar todos os acessórios possíveis, incluindo ‘cinta para prancha de surf’ e ‘caixa de transporte de animais’. Obviamente isso não pode ser levado a sério.
Pagar R$ 85 mil em um Kwid ou Mobi vai depender da circunstância e do gosto do freguês, é claro. Ambos são veículos já consagrados no mercado nacional com seus problemas característicos (de espaço, principalmente!). Na faixa dos R$ 80 mil, por exemplo, é possível encontrar carros semi-novos com motores e pacotes de acessórios superiores. Exemplo, um Fiat Pulse 2022 com motor 1.3 (aspirado) sai, em média, por R$ 88 mil nos sites de vendas de carros.

Mobi e Kwid em suas versões mais caras não têm motores diferentes das versões mais baratas. O Mobi leva uma vantagem neste ponto porque acaba de trocar de motor, aposentando o velho motor 1.0 do Uno que o acompanhava desde o lançamento em 2016. Agora todos os Mobis novos são equipados com motor 1.0 do Argo, um motor mais novo que gera 71cv e é mais esperto que o anterior. Faz até 15 km na estrada usando gasolina, segundo o Inmetro.
Já o Kwid Outsider usa o mesmo motor 1.0 da Renault desde o lançamento, passando apenas por ajustes para se adequar à legislação nos últimos anos.

O que muda do básico pro top?

O que os carros tem para justificar o preço, segundo as próprias montadoras, é um visual diferente e um maior conforto interno para os ocupantes. Esse ponto é relativo porque não há o que fazer com o espaço interno para quem viaja atrás. O Mobi, por exemplo, nós avaliamos por várias vezes no Turboway. O modelo “Trekking” tem realmente um acabamento mais agradável do que a versão mais comum, mas levar adultos no banco de trás é um desafio. O Kwid não fica atrás. E não há o que fazer, uma vez que os carros têm os mesmos tamanhos em todas as versões. Essas mais caras, portanto, não resolvem o problema.

Ambos os veículos tem controle de estabilidade e controle de tração. Não possuem versões com câmbio automático, o que seria um diferencial para quem precisa de carro pequeno. Veja o que as versões mais caras têm em relação às mais baratas:
Renault Kwid Outsider:
- Barras no teto
- Molduras plásticas nas caixas de roda
- Detalhes em laranja (interno e externo)
- Central multimídia com tela de 8″
- Retrovisores e maçanetas na cor preta
- Acabamento exclusivo nos bancos
Fiat Mobi Trekking:
- Faixas e adesivos decorativos
- Suspensão elevada
- Barras longitudinais no teto
- Roda de liga leve com acabamento escurecido
- Central multimídia com espelhamento
- Bancos com costura laranja e logotipo “Trekking”
Se for um carro para usar em família, talvez não seja um Mobi ou Kwid que você deva procurar. Se for para duas pessoas, ou para ter um carro para o trabalho, Mobi e Kwid atendem. O destaque é a manutenção mais barata e a economia do motor. Neste ponto os dois levam grande vantagem diante de opções de usados maiores, por exemplo.
Se for para usar como carro de aplicativo, também resolve, já que o banco do passageiro da frente fica praticamente inutilizado e pode ser puxado para frente. Eu, no entanto, tenho dúvidas em pagar R$ 85 mil em um carro desses. A conclusão não é difícil: estes carros acabam sendo versões mais aceitáveis dos modelos que são muito básicos, mas são caros pelo que entregam.