Depois de 10 anos no mercado sem alterações significativas, o Mitsubishi Lancer HL-T saiu de cena no começo de 2020.
Considero um carro bonito, com linhas esportivas, mas nunca me cativaram. Essa era uma visão de quem sequer tinha entrado em um Lancer. Até entrei, rapidamente no Salão do Automóvel de 2014, mas isso eu nem conto como experiência.
E lá vamos nós!
Até que finalmente, consigo um Lancer 2019 para analisar com mais tempo. Consegui a versão top da linha 2019, a HL-T. Abaixo dela fica a HL que deixa de ter a antena shark, o spoiler traseiro, as rodas 18 e as ponteiras cromadas, de série na versão avaliada.
No exterior, apesar de antigo, o visual ainda agrada. A Mitsubishi não mexeu em praticamente nada ao longo de quase uma década sendo vendido aqui no Brasil. Para não falar que não mudou nada, de lá pra cá os desenhos das rodas foram atualizados e ele ganhou uma multimídia com espelhamento.
Em 2017, o Lancer vendido em alguns países da Asia sofreu um facelift. Mas o resultado ficou de gosto duvidoso. Nesse caso eu concordo de não ter mexido no modelo vendido no Brasil.
Por dentro
O interior tem um desenho conservador, mas agrada aos olhos e ao toque. Aquele padrão japonês de bom acabamento, mas sem ousadia. Ele vai além dos Hondas, por exemplo, e insere um aplique de black piano e maçanetas cromadas nas portas.
O painel de instrumentos agrada na visualização dos relógios analógicos, com conta-giros e velocímetro. A parte digital entrega totalmente a idade do carro. Visor de baixa resolução, com poucas informações e difícil de usar com um botão mal posicionado. Uma rápida olhada no painel dos principais sedãs médios e você vê que o Lancer parou no tempo.
Os bancos são bons, o volante só tem regulagem de altura e faltam mais porta objetos. Os poucos que tem são pequenos.
Voltando ao painel, antes de dar partida, fiquei procurando um bom tempo botão para desligar o controle de estabilidade. Descobri que ele já vem desligado. É que a Mitsubishi não ofereceu esse item no Lancer vendido com motor 2.0 com tração dianteira.
Somente a versão GT AWD e a EVO possui esse equipamento, mas já fica muito distante do orçamento do cidadão médio que procura um desse para comprar. O GT ainda tem a questão do consumo maior e um desempenho inferior por conta da tração integral.
A bordo
Ao rodar, percebi que o controle de estabilidade não faria tanta falta assim. E é aí que entra a parte mais esportiva que o desenho do carro sugere. A suspensão traseira independente agarra nas curvas e mantém o carro na trajetória. A suspensão não é tão rígida na cidade. O que permite uma condução prazerosa, mas ainda assim não tão confortável. Talvez menos do que se espere.
Menos do que se espera também é o desempenho do motor. Já tinha ouvido algumas vezes que era um carro fraco, principalmente o CVT. Os 160 cavalos e seus mais de 20 kgfm de torque parecem números bons para os pouco mais de 1.300 kg do Lancer. O CVT dá mais conforto que esportividade. Ele acaba com as esperanças de quem espera uma saída vigorosa do semáforo.
Na retomada, impressiona pela agilidade e isso compensa a falta de força na saída. Achei o conjunto competente. Não é plenamente esportivo como as linhas externas e a força do nome Lancer sugere, mas é bom, sim! A frustração pra mim foi na hora de abastecer: O MIVEC 2.0 só aceita gasolina. Etanol? Jamais!
O que te faz falta?
O controle de estabilidade não fez tanta falta, mas uma direção elétrica faz, viu? Depois de ficar (mal) acostumado a usar carros que tem, você jamais vai querer voltar para uma direção que exige força de quem dirige. Mais uma evidência do projeto datado.
Ao abrir o porta-malas, uma boa surpresa. Bem-acabado, revestimento na tampa e um forro de boa qualidade. Estepe? Temporário. Tamanho do compartimento? 415 litros. Para um sedã médio, podia ser maior também.
Mitsubishi Lancer HL-T vale a pena?
O Lancer é um bom carro, com bons predicados: Confortável, estável, equipado e bonito. Algumas falhas, como falta de equipamentos de segurança, e o desempenho, que não condiz muito com a alma de esportivo do carro.
No fim, o carro me surpreendeu positivamente. É bem agradável de dirigir e divertido, principalmente em curvas. Poderia ter um motor mais forte? Poderia. Mas carro não é só desempenho. O que falta nas retas, ele compensa nas curvas com muita competência. Eu que não tinha muita simpatia pelo carro, passei até a considerá-lo numa futura compra. Faltam alguns mimos compreensíveis pela idade do carro. Para conviver no dia a dia será uma boa companhia.
Fica a dica!
Mas agora Lancer só usado! A Mitsubishi ao encerrar a produção dele, disse que vai focar em SUV e picapes nos próximos anos.
Atualmente, esse carro avaliado, ano 2019, custa cerca de R$ 61.900 enquanto um CVT 2011 custa cerca de R$ 34.000.
A minha dica é: se quiser comprar um Lancer usado, foque nos mais antigos que têm preço melhor e são praticamente o mesmo carro. Consulte sempre o histórico de manutenção do carro e leve em seu mecânico de confiança para não ter surpresas.
Vídeos
Abaixo os vídeos que gravei com o Lancer HL-T 2019