Governo argentino enviou ao congresso pacote de incentivos que devem atrair maior parte dos investimentos na região.
Está nas mãos de deputados e senadores argentinos um pacote de incentivos, enviado pelo governo federal, que prevê descontos em impostos para montadoras instaladas no país. Se aprovado, especialistas preveem que a Argentina irá receber boa parte dos próximos investimentos na região, uma vez que ficará muito mais competitiva.
Segundo o projeto de lei, serão três medidas: devolução antecipada do IVA – Imposto sobre Valor Agregado, amortização de impostos sobre lucros e imposto de importação com alíquota zero por 10 anos.
A justificativa do governo para a renúncia fiscal é que a medida se traduzirá em maior produção, maior volume de exportação e geração de empregos. Em contrapartida, as montadoras vão ter que incluir peças nacionais, sendo 15% nos primeiros três anos e 20% nos anos seguintes.
Por ser o maior mercado e o maior parque industrial da região, o Brasil historicamente recebe a maior parte dos investimentos na América do Sul, seja com troca de linhas ou com a chegada de novas empresas.
Mas sem um pacote do tipo, temos visto o contrário. Ford, Mercedes e mais recentemente a Troller deixaram o país nos últimos meses e apenas a chinesa Great Wall se movimenta para chegar. No mais, a maior parte dos investimentos tem sido para atualização de modelos envelhecidos no nosso mercado.
Falando em Ford, a montadora que desistiu do Brasil anunciou recentemente um pacote bilionário de investimentos na Argentina para a produção da nova Ranger, exportada para cá.
“As matrizes hoje avaliam ainda mais as condições produtivas dos países onde mantêm subsidiárias. Se na Argentina as condições forem melhores, é possível que um ou outro projeto siga para as linhas instaladas no país vizinho”, disse o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antonio Jorge Martins, para a Automotive Business.
A Anfavea já estuda os impactos do pacote de incentivos argentino. A associação tem se mostrado preocupada com o que ela chama de falta de competitividade da indústria nacional.
Brasil e Argentina, membros fundadores do Mercosul, parecem tomar caminhos distintos no bloco. Enquanto aqui temos visto uma menor intervenção do governo, no país vizinho ocorre o oposto. Em março, por exemplo, a Argentina retirou taxas pagar pelas montadoras para exportar veículos. No mês seguinte, o presidente publicou um decreto obrigando 100% da produção, em meio ao agravamento da pandemia.