A recente divulgação de uma – ainda – possível fusão entre Honda e Nissan é mais um capítulo do novo curso natural do mercado automotivo mundial. O motivo é simples: ‘voos solos’ serão apenas exceções, em um futuro próximo apenas os gigantes com um atuações estratégicas vão sobreviver.
Como chegamos a grupos gigantes?
A união de marcas já é realidade desde os primórdios da indústria automotiva. Só que lá atrás vivíamos em um mundo onde marca comprava marca de olho na bagagem que aquilo traria. Um exemplo foi o que aconteceu na década de 1960, quando a Citroën tinha em mãos várias patentes modernas para a indústria automotiva e foi desejada pela Fiat. Acabou nas mãos da Peugeot (leia aqui).
Essas fusões se tornaram muito comuns nestes momentos históricos, quando a tecnologia avançava e uma ou outra marca ficavam para trás. Se eram marcas milionárias a saída era comprar uma concorrente para acompanhar a evolução. Se eram marcas menores, ou se juntavam às maiores ou fechavam as portas.
Agora o cenário é diferente: as empresas automotivas viraram gigantes e a geografia da disputa não está apenas no eixo Estados Unidos-Europa-Japão. Há novos concorrentes que até 15 anos atrás alguns poderiam definir como “aventureiros”. Agora elas são gigantes, como a BYD e a Tesla. Citando apenas duas, porém a China está emergindo com dezenas de novas marcas com novas tecnologias e com preços competitivos.
Só os grandes sobreviverão
A chega da eletricidade no mundo automotivo gerou um rebuliço mundial. A antiga FCA (Fiat/Jeep) precisou se juntar à Peugeot quando viu que não tinha uma plataforma de carro elétrico competitiva para o futuro. Nesse campo os chineses começaram a se destacar. Essa mudança é a mais relevante no mundo automotivo em décadas e está custando bilhões de dólares às montadoras.
Para bancar isso, só sendo um gigante.
Para as marcas japonesas é uma questão de continuarem relevantes. A Toyota já é o maior grupo mundial automotivo. A Honda viu na Nissan a possibilidade de aumentar sua relevância, mesmo que a Nissan ainda tenha pendências a resolver com sua atual parceira, a Renault (leia sobre isso aqui).
Já para as marcas europeias o cenário é mais assustador. Berço dos grupos tradicionais, a Europa tem uma economia em declínio e isso afeta diretamente quem está sediado ali. A maior prova disso é a gigante Volkswagen, que negocia um inédito movimento de fechamento de fábricas na Alemanha. O problema da empresa alemã, segundo ela própria, é que ela gasta muito mais pra produzir um veículo do que suas concorrentes chinesas. É uma empresa ainda muito lucrativa, mas se não corrigir o curso agora poderá mergulhar em uma crise sem precedentes. A Stellantis enfrenta problemas semelhantes.
Nos Estados Unidos há cenário com concorrentes em situações opostas. De um lado a Tesla, que se mantém lucrativa com uma linha de carros elétricos e hoje é a empresa automotiva mais valiosa do planeta. De outro lado as tradicionais GM e Ford, que caminham na mesma sombra das gigantes europeias. Todas elas, porém, compartilham da mesma pauta do novo presidente Donald Trump: defendem a taxação máxima dos concorrentes chineses.
Diante destes cenários é que fica a dúvida quais serão as próximas fusões na indústria automotiva a curto prazo. Jeff Schuster, da empresa de pesquisa automotiva GlobalData, disse à CNN que o recente processo de fusão entre Honda e Nissan pode acelerar conversas de outros grupos neste mesmo sentido.
Veja abaixo como estão organizados os grupos automotivos pelo planeta:
* Leapmotor é uma parceira da Stellantis;
** A Chery atua no Brasil em uma parceria com a Caoa;