Desde o final do ano passado as gigantes japonesas Honda e Nissan estudavam uma fusão que acabou não acontecendo. O principal motivo é que as expectativas das marcas sobre o negócio estavam totalmente diferentes. Alguns bastidores foram revelados esta semana pela imprensa japonesa e o Turboway relaciona fatos que foram obstáculos para a fusão que criaria a terceira maior montadora do planeta.
1 – Honda é maior e isso faz diferença
A expectativa pelo que seria essa sociedade já dava pistas logo no início de que o negócio não seria nada facil. Foi ‘bola cantada’ inclusive pelo ex-presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. Quando as marcas anunciaram que estavam conversando sobre uma fusão, Ghosn considerou que a Honda estava na verdade tentando fazer uma aquisição da marca, já que a Honda é uma empresa maior e está em uma posição financeira bem mais confortável. As marcas não comentaram essas declarações. Ghosn é ‘persona non grata’ na Nissan.
Apesar de ter uma briga pessoal com a Nissan, a palavra de Ghosn merece crédito. É que de fato o valor de mercado da Honda é mais que cinco vezes maior que o da Nissan, o que implicaria na Honda nomeando mais executivos e engolindo boa parte do negócio, pesando a favor da Honda ela ter maior participação em mercados importantes, como o norte-americano. Neste cenário a marca Nissan seria apenas mais uma marca no portfólio do grupo e isso pesou para o comando da Nissan.
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2 – Guerra de engenheiros
Nissan e Honda são marcas conhecidas por ter uma boa equipe de engenharia com bons projetos. É diferente, portanto, de uma fusão como a da Fiat com a Renault, onde a primeira estava atrasada com sua tecnologia de eletrificação e a segunda já estava estabelecida. No caso das duas japonesas existem projetos muito bons de ambos os lados e que concorrem entre si.
O diário japonês ‘Yomiuri Shimbun’ revelou que esse ponto foi crucial nas discussões dos dois lados sobre a fusão. A Honda queria que após selado o acordo de fusão a Nissan abandonasse seu sistema híbrido. Isso doeu nos executivos da Nissan porque o sistema híbrido da empresa é justamente onde a marca mais investiu nos últimos anos.
3 – Nissan e Renault
A Nissan e a Renault vivem em uma aliança desde 1999. Não é uma fusão, não foi uma aquisição, mas é um acordo em que uma marca tem participação acionária na outra. Como a Nissan topou entrar nesta aliança por dificuldades financeiras, acabou que com o tempo acabou ficando em posição mais dependente do que a Renault. Para fechar negócio a Honda declarou que não queria a Renault junto. Era um negócio exclusivo entre empresas japonesas.
Acontece que a Nissan tem dívidas e seu lucro está em queda. Para se livrar da Renault a marca teria que dispor de quase R$ 4 bilhões para recomprar até este ano as suas ações que estão na mão da Renault.