A fabricante chinesa Great Wall confirmou que fará sua estreia no Brasil ainda este ano com uma linha de SUVs e picapes elétricos e importados. A partir de 2023 a marca iniciará o uso da fábrica que era da Mercades-Benz no interior de São Paulo e terá produtos nacionais e baterias próprias.
A chegada da Great Wall deve movimentar o mercado automotivo brasileiro. A empresa anunciou essa semana que investirá R$ 10 bilhões no Brasil e usará a fábrica brasileira para abastecer o mercado latino. Atualmente a montadora possui operações no Chile e os produtos que chegam lá são importados da China.
A apresentação das pretensões da Great Wall no país foram feitas pelo executivo da empresa, Oswaldo Ramos, engenheiro que tem passagens pela Ford e Peugeot.
10 carros para o Brasil
Apesar de já possuir uma linha fixa de picapes e SUVs já conhecida nos países onde atua, a Great Wall informou que a linha brasileira será formada por carros inéditos e também alguns já conhecidos que passarão por adaptações, mas não detalhou quais serão. Veja aqui a lista que fizemos dos carros que a Great Wall já vende nos países que são nossos vizinhos.
O mais importante: a linha deverá ser de 10 veículos e será toda híbrida ou elétrica. Os veículos também trarão autonomia nível 2, que permite que o carro se mantenha em faixa e controle frenagem e aceleração com base nos demais veículos na via.
Super baterias
As operações no interior de São Paulo devem contemplar a fabricação de super baterias para os carros da Great Wall. Isso é uma grande notícia, pois atualmente nenhuma indústria automobilística produz baterias no país.
No caso dos carros híbridos, o motor elétrico é acompanhado de um motor convencional. O elétrico move o carro e o convencional alimenta o elétrico para que ele sempre tenha carga sem necessitar ser conectado à uma tomada. É a tecnologia que a Toyota investe atualmente em carros como o Corolla e o Corolla Cross.
A Great Wall informa que vai além com suas baterias: segundo a empresa algumas baterias de alta capacidade permitirão que os veículos rodem até 208 quilômetros com 1 litro de combustível. Isso chega a ser quase 10 vezes mais que a autonomia atual de um Toyota Corolla híbrido.
Balanço no mercado
A Great Wall é a maior fabricante privada de veículos da China e no ano passado comprou a fábrica de carros da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo. Ao decidir produzir veículos elétricos e híbridos a empresa deverá ser a primeira a construir veículos com essa tecnologia em grande escala no Brasil.
A depender do volume de veículos e dos preços que a empresa colocar no mercado nacional, forçará uma concorrência com as tradicionais montadoras, que seguem sem planos a curto prazo para fabricar veículos elétricos por aqui.
Grupos como o Stellantis, por exemplo, seguem focados em carros à combustão para o mercado latino. Carros elétricos, como o Fiat 500e e o Peugeot e-208GT são importados sem pretensão de grandes vendas.
Linhas diferentes
A Great Wall pretende atuar no Brasil com uma série de marcas. Assim, a marca Great Wall seria uma empresa mãe com submarcas atuando em segmentos específicos. Seria como a GM que atua no Brasil com a marca Chevrolet.
Assim, a marca deve lançar uma linha de SUVs sob o nome Haval. Também terá uma linha de picapes sob o nome Poer e uma linha de carros off-road sob a marca Tank.
A depender dos produtos que a marca trouxer pela Tank, poderá ocupar um nicho de mercado abandonado pela Ford no ano passado quando fechou a Troller. Atualmente, além das picapes vendidas por aqui, apenas a Suzuki oferece um carro específico para off-road, que é o pequeno Jimny.
A estreia da Great Wall no Brasil deve ocorrer no final deste ano. Uma concessionária deve ser inaugurada pelo grupo em setembro. O projeto da chinesa é abrir cerca de 120 postos de venda no Brasil nos próximos anos.