Frota da Venezuela têm idade média de 22 anos e indústria local vive produzindo peças de reposição

Com uma economia abalada há anos e um embargo financeiro dos Estados Unidos, a Venezuela acabou condenando sua indústria automotiva nacional

Sete em cada dez veículos que rodam na Venezuela têm mais de 15 anos de uso e já rodaram mais de 200 mil quilômetros. A indústria automotiva nacional, que no passado fabricou veículos zero, atualmente vive de peças de reposição e enfrenta concorrência pesada de peças importadas, sobretudo da China. Neste texto apresentamos um panorama da frota venezuelana com dados divulgados pela Favenpa, a câmara das empresas automotivas do país.

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A Venezuela vive há anos uma crise financeira que é resultado da política econômica da ditadura controlada por Nicolás Maduro somada ao embargo financeiro agressivo ao país aplicado pelos Estados Unidos. A Venezuela têm volumosas reservas de petróleo e o combustível para a população é barato, mas vive isolada economicamente de boa parte do planeta.

Chegada de veículos iranianos no porto da Venezuela em 2023 (foto: Governo da Venezuela)

O país, que já teve uma indústria automotiva expressiva com unidades da Chevrolet e da Toyota produzindo por lá, ficou por três anos sem produzir um único veículo (contamos isso aqui em 2023). A Toyota e a Chevrolet deixaram de produzir no país. Indústrias nacionais, que montavam veículos de outras marcas e veículos de cargas mais simples deixaram de produzir pela falta de dinheiro circulando.

Em outro ponto o governo venezuelano chegou a autorizar em 2023 a importação de carros do Irã e de peças de países como a China com baixa taxa de importação. Isso gerou uma concorrência desleal com quem produzia no país.



Gasolina barata vs peças de reposição

É barato encher o tanque na Venezuela. Na cotação atual encher um tanque na Venezuela sai por cerca de R$ 10. Porém a frota é antiga. A idade média dos veículos na Venezuela é de 22 anos, com 70% destes carros com mais de 15 anos de uso. No Brasil a idade média da frota é de 11 anos, segundo o IBGE. Com carros cada vez mais velhos nas ruas e sem veículos novos no mercado, restou para a indústria automotiva atual fabricar peças para os donos destes veículos.

Ainda segundo a Câmara de Fabricantes, são 37 empresas automotivas afiliadas atualmente. Em épocas passadas, de mercado em pleno funcionamento, eram 150. Essas empresas são, em sua maioria, fabricantes de peças. Atualmente elas vivem de produzir peças de reposição para os veículos antigos.

Veículos novos

O último ano de fabricação expressiva de veículos na Venezuela foi 2007, quando o país produziu 170 mil automóveis. Hugo Chávez era o presidente na época e já havia sido reeleito por duas vezes. Para efeito de comparação, o Brasil produziu quase 3 milhões de veículos naquele ano.

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Dados divulgados em julho pela Câmara de fabricantes do país indicam uma retomada em 2024 na montagem de veículos em território nacional. No primeiro semestre de 2024 a Venezuela montou 1245 veículos. Não há especificação sobre as marcas destes produtos, mas esses números são de montagem, o que não significa fabricação. Por exemplo, muitas marcas chinesas importam peças para a América Latina para apenas realizar a montagem.

Segundo a Favenpa, metade destes veículos montados são de veículos de passageiros, o que inclui vans. A outra metade foi de caminhões.

O número de veículos montados, no entanto, é inexpressivo. Significa que 7 veículos foram montados por dia em toda a Venezuela. Para comparação, em outubro de 2024 a Fiat emplacou, em média, 7 picapes Strada a cada 20 minutos no Brasil.

Publicada originalmente em

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