O ano era 2010 quando a Chevrolet trouxe ao Brasil o Camaro, um muscle car que fez (literalmente) barulho em seu lançamento. Treze anos depois a Chevrolet anunciou que tirará o carro de linha e ele não terá substituto. Junto dele, aqui no Brasil, o Cruze também se despedirá. Leia mais, abaixo.
O Camaro lá em 2010 teve efeito semelhante entre os mais jovens ao que o Mitsubishi Eclipse causava na minha geração nos anos 90. Carro de boy que meia dúzia podia ter e sair desfilando por aí e, no caso do Camaro, impulsionado principalmente pela jogada de marketing da Chevrolet em colocar o carro no filme Transformers.
Afinal, quem teria um Camaro para ser convencional? Não a toa a cor mais conhecida do carro e que até ganhou uma música no Brasil é a amarela. E foi com o Camaro que a GM descobriu que não são tão poucos os que poderiam ter o carro. No primeiro ano de vendas o Camaro teve quase 2 mil unidades vendidas por aqui. Parece pouco, mas como comparação a Kia, por exemplo, vendeu a metade disso em Sportages no ano passado.
Treze anos depois o cenário é outro. No ano passado apenas 53 Camaros saíram das concessionárias no Brasil. Teve mês que apenas um foi vendido e isso tem uma explicação lógica: o carro é caro (custa em torno de R$ 500 mil) e não faz parte das categorias em alta hoje nessa faixa de preços, que são picapes, SUVs e elétricos.
Falamos aqui no Brasil, mas a situação do Camaro não é boa nem nos Estados Unidos, seu país natal. Além do que existem outros modelos mais interessantes que o Camaro nesta faixa de preços.
Qual será o substituto?
O Camaro deixará de ser fabricado e não tem um substituto imediato. O vice-presidente global da GM, Scott Bell, já disse em entrevista que não será o fim da história do Camaro, mas a empresa não tem nenhum projeto no forno para entrar imediatamente no mercado.
Especula-se então que o substituto do Camaro ainda leve pelo menos dois anos para chegar ao mercado norte-americano e seria um veículo esportivo elétrico. E aqui tem esse porém: é muito difícil que este modelo chegue ao mesmo tempo ao Brasil.
E o Cruze?
O Cruze está em barco semelhante. Não apenas por ter chegado aqui também em 2010 para substituir o Vectra, mas porque também será encerrado ainda esse ano e não ter um substituto.
Diferentemente do Camaro, o Cruze não deve mais voltar em um futuro próximo e uma eventual volta do Vectra é impossível de acontecer e explicamos isso aqui.
A Chevrolet foi a última das montadoras tradicionais do Brasil que ainda sustentou modelos com apelo esportivo em sua linha após a pandemia. A Volks já tinha acabado com o Golf e a Ford… Bom, a Ford como conhecíamos acabou, apesar de ainda trazer o Mustang importado (vendeu 184 unidades esse ano).
Assim como o Camaro, o Cruze também perdeu relevância. Principalmente porque a Chevrolet parou de atualizar o modelo já tem um tempo. É um senhor carro, mas já sem pique para bater de frente com o Toyota Corolla, por exemplo.
Nos primeiros cinco meses deste ano a Chevrolet vendeu pouco mais de 600 Cruzes (Cruzes!) no Brasil em suas duas versões: sedã e hatch (Sport6). É o volume que a Toyota vende de Corollas (só o sedã) a cada seis dias.
A explicação da montadora é mais simples: vai focar sua linha em SUVs e picapes. A linha do Cruze na Argentina, onde sempre foi fabricado, dará lugar a mais espaço para montagem do Tracker. Uma pena.