Fiat Freemont e Dodge Journey: diferenças, história e análise

Carros semelhantes, espaçosos e com motores diferentes. Neste texto você vai ler sobre o primeiro SUV que a Fiat vendeu no Brasil e seu irmão gêmeo da Dodge

Fiat Freemont e Dodge Journey são praticamente o mesmo carro e já não estão no mercado há pelo menos 4 anos. E qual a diferença entre eles? São bons carros? Neste texto vou falar um pouco sobre a trajetória brasileira destes dois modelos.

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A história dos dois carros conta uma pequena parte de uma mudança na indústria automotiva americana. É que o projeto original foi concebido em 2008 pela Dodge, quando ela ainda era uma marca do grupo Chrysler, o terceiro maior no mercado norte-americano.

A Fiat queria uma fatia de mercado nos Estados Unidos semelhante à de concorrentes como GM e Volkswagen e a compra da Chrysler foi a alternativa escolhida. Em 2009 a Fiat comprou uma participação majoritária e em 2014 comprou o restante das ações, tornando-se a única dona. Nesse meio todo estava o Dodge Journey.

O Journey foi o primeiro modelo que rendeu frutos nesta negociação. Na prática a Fiat tomou conta da fábrica da Dodge em Toluca (México) e adaptou o projeto para vendê-lo também com sua marca. Isso é chamado na indústria automotiva de “rebadge” (leia aqui sobre isso).



Para a Fiat foi um grande negócio, o Freemont foi seu primeiro SUV no mercado brasileiro, quando a marca não tinha qualquer projeto nessa categoria. Para escrever este texto consultei também o acervo do jornal O Globo. A Fiat importava 500 unidades mensais do veículo e até 2015 vendeu todas com certa facilidade. Depois disso, as vendas começaram a cair.

Journey tinha motor mais potente e grade frontal diferenciada da marca Dodge (foto: Dodge)

Motor do PT Cruiser

Aqui a primeira diferença na linha brasileira: o Dodge tinha motor 2.7 que rendia 185cv (e uma mais potente, 3.6 V6, com foco no mercado dos EUA), o Fiat recebeu motor 2.4, de 172cv.

Para esta configuração a Fiat usou o motor 2.4 que equipava o finado Chrysler PT Cruiser (saiu de linha em 2010). No exterior o Dodge tinha também a versão 2.4.

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O Freemont chegou ao mercado brasileiro em 2011, mas o Dodge Journey já estava aqui desde 2008, nas poucas concessionárias Dodge que existiam no país. Além do Brasil, o Fiat Freemont foi vendido na China, Europa e Austrália.

Com o Freemont a Fiat supria a falta de um SUV na linha. O carro ficou em linha até 2016, quando começou a desaparecer das lojas. O motivo: retração nas vendas e a partida do grupo da Fiat para um novo desafio, uma nova fábrica em Pernambuco para produzir a Toro e o Jeep Renegade.

A Jeep é outra marca que a Fiat pegou no pacote quando comprou a Chrysler. E foi a marca escolhida pelos italianos para ser implantada por aqui. Com isso o Freemont foi deixado de lado também para não concorrer com o Renegade.

O Dodge Journey sobreviveu um pouquinho mais por aqui. O último registrado no Denatran é modelo 2018, na versão 3.6. Aqui mais história: o Journey marcou a despedida da Dodge pela segunda vez do mercado nacional. Se despediu custando cerca de R$ 150 mil (cotação da época).

Mudanças

Na versão da Fiat o carro teve pouca mudança visual nos 5 anos em que foi vendido aqui. Mas houve uma mudança mecânica e é bom ficar atento ao comprar um usado: os primeiros que chegaram aqui tinham câmbio Chrysler automático de 4 marchas apenas. Fazia o carro consumir mais e ter um rendimento sofrível. Em 2013 a Fiat colocou uma caixa de marchas automática de 6 velocidades. Também nesse ano o carro ganhou central multimídia de 8,4 polegadas, um luxo para a época.

Já o da Dodge teve alterações visuais na grade dianteira e na lanterna traseira, que passou a ter LEDs em 2011. Em 2014 começou a ser vendida também uma versão com tração integral. Journey e Freemont são carros espaçosos com versões de 7 lugares, algo que não é muito fácil encontrar atualmente.

Interior do Fiat Freemont (foto: Fiat/ divulgação)

É fácil manter?

O preço atual destes carros chama a atenção no mercado de usados. Os mais antigos podem ser encontrados na cada dos R$ 40 mil e há carros com boa conservação entre R$ 50 e R$ 60 mil. Como em toda negociação com usados, ressalto a importância de uma análise minuciosa para a compra. Chame um mecânico de confiança, faça um laudo cautelar.

Um ponto a ser observado é que ambos têm apenas versões movidas à gasolina. O rendimento do motor na versão da Fiat, saindo da concessionária, era algo entre 7 km/l na cidade e 11 km/l na estrada. No caso do Dodge, com o motorzão V6, essa medição ficava entre 6 km/l na cidade e 7,4 km/l na estrada. Esses dados são das aferições divulgadas na época do lançamento.

Ambos os veículos são robustos e têm motores confiáveis que rodaram por anos agradando os norte-americanos. Porém, gastam bem e a ausência de uma opção flex só piora isso. A manutenção não é barata e agora requer um mecânico de confiança: a Dodge não existe mais no Brasil e a Fiat não trabalha mais com esse motor. Portanto, nem todas as peças de ambas são facilmente encontradas.

Na questão conforto é elogiado por quem dirige, principalmente pelo espaço e os vários compartimentos internos, o que revela que o projeto original era para agradar mesmo o público norte-americano. O ponto negativo é o tamanho do veículo, o que o torna pouco prático na cidade.

Segundo informações de 2020 da antiga FCA (hoje Stellantis) foram fabricados 1,1 milhão de Journey e Freemont entre 2008 e 2020.

Se você tem ou teve ou já dirigiu um Fiat Freemont ou um Dodge Journey, utilize nossos comentários para contar sobre sua experiência.

Publicada originalmente em

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