A Fiat está lançando na Europa o seu novo “600”, um SUV compacto com dimensões muito próximas ao “brasileiro” Pulse. As coincidências param aí. Pulse e 600 são carros muito diferentes, a começar pela missão que cada um carrega.
O Fiat 600 chegará para complementar a linha da marca na Europa, ao lado de Panda, 500, 500X e Tipo. Ele é elétrico e vai conviver – por enquanto – com o Fiat 500X, que é um crossover inspirado no Fiat 500 e que está no mercado desde 2014.
Do 500X para o 600
Antes de falar do 600 é preciso explicar sobre o 500X. Muitos acharam os carros iguais quando as primeiras fotos foram apresentadas. De fato possuem semelhança externa. Só isso.
Apesar de inspirado no Fiat 500, o Fiat 500X é uma criação da Fiat baseada na plataforma do Jeep Renegade, assim como a Toro no Brasil também é baseada no Renegade. Assim, é possível dizer que o 500X é um irmão da Toro.
Em 2019 a Fiat cogitou trazer o 500X ao Brasil. Era uma necessidade da marca entrar no mercado de SUVs por aqui e não havia outra alternativa de produto. Anteriormente, você deve se lembrar, a Fiat se virou como pôde com o Freemont.
Porém a alta do dólar na época, agravada pela pandemia na sequência, enterrou qualquer possibilidade do 500X chegar aqui. Foi aí que a marca optou por uma solução caseira: usar a plataforma do Argo para criar um SUV nacional. Surgiram o Pulse e posteriormente o Fastback, com a missão de consolidar a liderança da Fiat no Brasil e barrar as apostas da Volkswagen nesta categoria.
Essa missão tem sido atendida pelo projeto e a Fiat não demonstra qualquer pretensão de levar o Pulse ou o Fastback para a Europa. O local mais longe onde eles colocaram suas rodas até o momento foi o México (falamos disso aqui).
Já o processo de criação do Fiat 600 foi totalmente diferente. Ele também nasceu de um Jeep, mas do novo Avenger. Ele tem 4,17m de comprimento. Portanto, menor que o 500X (4,25m) e maior que o Pulse (4,10m).
Além disso o carro terá versão elétrica e também à combustão, dependendo do mercado. Aí é que o Brasil poderia receber o carro, como um SUV posicionado acima do Fastback. Além da Itália, a Fiat é forte na Turquia e no Brasil. No restante do planeta a marca não tem a mesma projeção.
O carro está sendo produzido na unidade da Stellantis em Tychy, na Polônia e tem bateria de íons de lítio de 54 kWh que alimenta um motor elétrico de 156 cv. A autonomia é de 400 quilômetros.
Assim como o Jeep Avenger, o Fiat 600 deverá ter uma versão a gasolina, com motor 1.2 turbo a gasolina de três cilindros e 100cv de potência com câmbio manual.
O papel do novo 600
Já que falei acima do papel do Pulse dentro da linha Fiat, explico também a função do “600”. A missão do novo SUV compacto europeu da Fiat é de construir uma nova era dentro da montadora na Europa.
Com a fusão de Fiat e Peugeot, a marca Fiat ficou um pouco à deriva por lá. Primeiro porque a linha Fiat na Europa é antiga. O Fiat Tipo e o 500X já estão em fim de ciclo e não devem passar de 2026.
Segundo, que a marca tem forte concorrência interna das novas “irmãs” Opel e Peugeot, que lá vendem mais e têm projetos mais modernos. Tanto é que a Fiat precisou buscar uma alternativa na Jeep para poder construir o 600.
Diferente dos carros da Opel e da Peugeot, a Stellantis deu a missão para que os novos carros da Fiat na Europa sejam “alegres” e, dentro deste marketing, a Fiat anunciou que não vai mais fabricar carros na cor cinza (ou prata). É uma tentativa clara da Stellantis de tentar criar uma mística em torno da marca.
Há ainda uma possibilidade do 600 ser um sucessor dos atuais Fiats no Brasil em um futuro não muito distante. É que a Stellantis já manifestou interesse em unificar as linhas da Europa e a que existe na América Latina. Com isso, Argo e Pulse dariam lugares aos modelos que surgirão nos próximos anos na Europa.
É uma mudança ousada, mas não muito distante. O Jeep Avenger, que originou o Fiat 600, deverá ser montado em breve no Brasil.