Ferrari Dino vai a leilão por R$ 1.000; vale a pena comprar Ferrari em leilão?

Modelo virou sucata após 18 anos em pátio. Mas por ser um carro único no Brasil, pode render muito dinheiro

Nos últimos dias, o leilão de uma Ferrari chamou bastante a atenção dos amantes de carros, sobretudo pelo valor. Por R$ 1.092, qualquer um poderia sonhar em ter uma Ferrari Dino na garagem. É claro que não é bem assim. Primeiro que a Ferrari não está em condições de uso. E também porque o valor final não deve ficar nem perto disso. Mas será que vale a pena comprar Ferrari em leilão?

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É claro que vale, mas vai depender dos valores envolvidos – e das intenções. Você gostaria de ter lucro ou gostaria de ter a experiência de recuperar um carro lendário? No momento que este texto é escrito, os lances já passaram dos R$ 80 mil. Está exatamente em R$ 82 mil, no trigésimo lance ofertado. O leilão vai até esta segunda-feira (8).

Por que a Ferrari Dino foi a leilão?

A Ferrari Dino 1975 foi apreendida em 2006 por adulteraçao de chassi. Segundo o inquérito policial, trata-se de uma Ferrari originalmente azul e de chassi F106CL1108, mas que passou a ser amarela e com chassi F106C11047. O carro foi recolhido em 2006 e se deteriou no tempo. Esgotado os prazos legais, o modelo foi a leilão. Foi avaliado como sucata.

Qual Ferrari está sendo leiloada?

É um modelo único no Brasil. É uma Ferrari Dino 208 GT4 1975, a única importada no país. Os modelos Dino foram pouco exportados, pois foram projetados para o mercado italiano. Com o tempo, no entanto, os carros foram ganhando valor histórico e é comum modelos serem importados mundo afora, como veículo de coleção.



O modelo do leilão vem com motor V8, com cilindrada reduzida de 3 para 2 litros. Era uma maneira de a Ferrari escapar de taxações impostas a carros de motor maiores na Itália. Assim, o carro perdeu em potência. Este Dino chega a 220 km/h.

De quem era a Ferrari Dino colocada em leilão?

Segundo o portal Uol, o carro pertencia ao empresário Ferry Lazar. Foi ele quem avisou a polícia da suspeita de adulteração, que acabou em apreensão. Segundo ele contou à polícia, em 2002 ele levou o carro para uma oficina de restauro e, dias depois, a oficina fechou e o carro sumiu.

O empresário iniciou uma investigação própria e quatro anos depois, em 2006, encontrou o carro em um galpão e chamou a polícia, que fez a apreensão. Além da fraude de chassi, o carro tinha pendências de importação. O empresário trouxe o carro do Paraguai dirigindo, e não pagou as taxas devidas.

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Ferry Lazar morreu em 2014, aos 64 anos, sem conseguir recuperar o veículo.

Quando custa restaurar a Ferrari Dino vendida em leilão?

É uma pergunta difícil. Mas a julgar pelas fotos, há muito trabalho a se fazer. A lataria está arrasada, falta peças como lanternas e o motor está enferrujado. A tapeçaria também está em más condições.

Se o novo dono seguir o rito do bom restauro, ou seja, ir atrás da própria Ferrari para fazer a reforma, e ainda adquirir certificados irá gastar até mais de R$ 1 milhão. Agora, se ele ir atrás de peças paralelas mas de boa qualidade, fizer um bom serviço em oficinas qualificadas, poderá gastar menos da metade.

As peças paralelas são mais facilmente encontradas na Europa, onde há oficinas especializadas em restaurar Ferraris sem usar as caríssimas originais. Se o novo dono tiver paciência de garimpar as peças, importá-las legalmente se for o caso, encontrar uma boa funilaria e um bom tapeceiro, e ter paciência, é possível gastar algumas poucas centenas de milhares de reais. Mais do que isso, fica inviável ter um modelo que seja lucrativo.

Talvez lucrar nem seja o caso. Ter uma Ferrari única, recuperada após 18 anos de abandono, poderá fazer tudo valer a pena.

Publicada originalmente em

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