A Mercedes-Benz informou ao sindicato de trabalhadores que irá colocar 300 funcionários da produção da fábrica de São Bernardo do Campo/SP em férias coletivas. O motivo, segundo o sindicato, não é a falta de insumos como chips, que vem causando uma série de atrasos e paralisações na maior parte das fábricas. Desta vez a culpa é do momento do mercado.
O sindicato afirma que a medida foi tomada em função da redução na produção de caminhões por falta de financiamentos, queda no consumo e a alta nas taxas de juros.
O diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo da Silva, explicou que a mudança para o Euro 6, conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel, foi o primeiro impacto para que no ano passado ocorresse a antecipação nas compras e o aumento do custo dos caminhões, que estão mais caros em relação a 2022.
“Tivemos complicadores macroeconômicas, mas principalmente para o financiamento dos caminhões, porque é preciso aprimorar a linha de crédito para o chamado Euro 6. Temos problemas com a alta taxa de juros. O preço do capital (para financiamento) é muito mais alto”, destacou o dirigente do sindicato, que é vinculado à CUT, que por sua vez é ligada ao PT, partido do presidente Lula e do ministro da Fazenda Fernando Haddad.
“Também há a queda do consumo de forma geral das famílias brasileiras e isso afeta o varejo que é uma parte importante do segmento de transporte no Brasil”, prosseguiu Aroldo da Silva.
O período de férias coletivas na Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo irá durar de 3 de abril a 2 de maio. A montadora possui cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção de veículos.