Falta de chips eletrônicos ameaça mercado automobilístico

Problema é global e já começa a ser sentido no Brasil. Chips são cada vez mais usados em carros e em tudo no dia a dia.

Em meio a baixas nas vendas, sufocadas pela crise econômica, as montadoras estão sentindo outro gargalo que pode atrapalhar ainda mais a recuperação do mercado automobilístico. A falta de chips eletrônicos, sentida primeiro na Europa, já é uma realidade nas fábricas brasileiras.

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Os chips eletrônicos são usados em módulos, sensores e controladores, presentes aos montes em uma única unidade produzida e cada vez em mais modelos no mercado. Inclusive já falamos que no futuro você vai comprar um carro como compra hoje um computador.

Montadoras como Volkswagen, Nissan, Toyota, Honda e Jeep já tiveram que parar a produção pelo menos em algum momento por falta das peças, na Europa, Japão e na América do Norte.

A Honda já reduziu a produção do Accord, Civic, Odyssey e Acura RDX nas plantas do Reino Unido. Serão 4 mil veículos a menos produzidos em 2021, o que pode ainda impactar em demissões.



No fim de 2020 a Volkswagen disse que também mexeria na produção de suas plantas. A Stellantis fechou temporariamente a fábrica no Canadá e atrasou a inauguração de uma fábrica da Jeep no México por causa da falta nos componentes.

E o Brasil?

As montadoras brasileiras costumam importar os componentes principais isoladamente e fazer a montagem aqui. Com a escassez, já há relatos de pequenas interrupções no andamento das linhas. E sem uma solução a curto prazo, não está descartada uma piora do quadro.

O principal motivo para a falta de chips eletrônicos é o aumento na demanda. Não só os carros estão usando mais chips, como também objetos do dia a dia, cada vez mais inteligentes e preparados para a internet das coisas, que será impulsionada, em breve, pela massificação do 5G. O consumo de eletrônicos também aumentou globalmente, já que mais pessoas tem ficado em casa.

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Ao mesmo tempo, as fábricas de chips não estão conseguindo aumentar a produção por causa da pandemia. Mesmo em tempos normais é custoso ampliar as fábricas que dependem do silício. São necessários bilhões de dólares em investimento e muitas estão preferindo ser precavidas no momento.

Assim, o preço médio de um chip inflacionou 150%. “Componentes que comprávamos a US$1 chegam a custar US$2,50 e já tem fábrica parada por desabastecimento. Estamos recebendo comunicados de indústrias de componentes de todo o mundo informando sobre novos prazos de entrega e reajustes de preços em todos os tipos de componentes”, afirmou para a Automotive Business Ricardo Helmlinger, diretor de manufatura da Standard America, indústria de placas eletrônicas localizada em Campinas (SP), que fornece os circuitos para diversos setores, inclusive o automotivo. Ele admitiu que as entregas que antes eram feitas em 60 dias agora são combinadas para até 90 dias.

O chip eletrônico se soma agora ao aço e ao plástico no mesmo roll de importância para a cadeia automotiva. Até pouco tempo, imaginava-se que apenas os dois últimos itens causariam problemas na produção em caso de escassez. O mundo evoluiu.


Publicada originalmente em

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