Fábrica fechada: Nos anos 80 a Volks foi despejada dos Estados Unidos pelas marcas asiáticas

Os norte-americanos se encantaram com o Fusca alemão, mas torceram o nariz quando a VW ofereceu a eles o Golf

A Volkswagen opera 100 fábricas ao redor do planeta para produzir veículos para suas doze marcas. Quatro delas estão no Brasil, um dos principais mercados da marca. A última vez que a Volkswagen fechou uma fábrica foi em 1987 nos Estados Unidos. Essa é a história que contamos aqui após a marca cogitar fechar uma fábrica de carros elétricos na Bélgica.

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O fechamento de uma fábrica nos Estados Unidos há 27 anos gerou uma situação embaraçosa. A Volks havia sido a primeira montadora não americana a montar uma fábrica no país. O investimento de uma marca alemã nos EUA era algo pouco provável anos antes, dado que o país foi inimigo dos EUA na Segunda Guerra Mundial.

Este artigo têm como referência a notícia sobre o fechamento da fábrica publicada no jornal The New York Times do dia 21 de novembro de 1987.

Fábrica foi criada para produzir o sucessor do Fusca

A fábrica localizada em New Stanton, sudoeste do estado da Pensilvânia, pertencia à Chrysler até 1976 e foi comprada pela marca alemã. Em 1978 ela foi reinaugurada com uma linha de produção do VW Rabbit (foto abaixo) – nome que o Golf recebeu nos Estados Unidos para substituir o Fusca, que era importado.



Ali eram empregados 2500 funcionários e isso movia a economia do condado de Westmoreland. Mas a partir de 1982 a fábrica começou a ter perdas financeiras.

Aqui um contexto: nos anos 80 as marcas asiáticas começaram a ganhar fatias generosas do mercado norte-americano e isso atingiu fortemente a Volks e as americanas Chrysler e General Motors. Em comum: o mercado de veículos pequenos que foi aquecido após a crise do petróleo na década anterior.

Segundo especialistas ouvidos na época pelo jornal, a Volks cativou os jovens americanos com seu Fusca – lá chamado de Beetle – e não conseguiu o mesmo sucesso com seus novos modelos. Resultado: os jovens trocaram a VW por marcas como Toyota, Honda e Hyundai.

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A briga do carro pequeno

A receita de sucesso que levou a Volkswagen a abrir uma fábrica nos Estados Unidos era bem simples. Ela chegou no mercado com um modelo pequeno e econômico enquanto as marcas americanas vendiam as conhecidas “barcas”. As classes de estudantes e trabalhadores aderiram a essa estratégia. Quando os concorrentes sacaram a estratégia começaram a oferecer carros menores e a Volks talvez não estivesse preparada para essa concorrência.

Durante a existência da fábrica da Pensilvânia o pico de vendas aconteceu em 1980 com a Volks atingindo 3% de participação do mercado de automóveis dos EUA. Quando a fábrica fechou essa participação era de 1,9% e ela operava com menos da metade de sua capacidade.

Rabbit pick-up era um parente da Saveiro brasileira (foto: reprodução)

A estratégia da Volks era clara, baratear custos para se manter no mercado que ela considerava relevante. O Sindicato local denunciou à imprensa na época: “A marca alemã quer trazer produtos de suas fábricas de baixos salários do Brasil e México”. Por lá a marca estava vendendo o Golf (Rabbit), o Rabbit pick-up, o Jetta e o Fox. Este último na verdade era o Voyage com o nome Fox importado do Brasil.

Propaganda do “Volkswagen Fox” que era o Voyage produzido no Brasil (foto: reprodução)

Enquanto o Golf era vendido em 1987 por US$ 8 mil, a sul-coreana Hyundai oferecia o Excel por US$ 6 mil. O Excel chegou ao Brasil em 1991 e teve poucas unidades vendidas por aqui.

Fim da fábrica do Golf

Com a nova estratégia de produzir no Brasil e no México, sobrou até para os funcionários de escritório da marca e foi reduzida também a atividade na sede administrativa no estado do Michigan. Ironicamente o prédio da fábrica da Pensilvânia foi adquirido por uma marca asiática, mas não do ramo automotivo. A japonesa Sony adquiriu o local para produzir televisores e assim foi até 2008. Atualmente o prédio pertence a uma empresa de logística.

A marca só voltou a produzir nos Estados Unidos nos anos 2000, quando inaugurou uma nova fábrica no estado do Tenessi e comercializa anualmente cerca de 300 mil veículos no país.

Publicada originalmente em

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