Um dos sonhos de quem tem carro no Brasil é, sem dúvida, não pagar pedágios. Uma viagem de São Paulo para a praia mais próxima, por exemplo, custa R$ 30,20 só de pedágio. Se fosse possível não pagar e ainda continuar tendo o mesmo conforto ao dirigir seria o máximo, não é mesmo? A Espanha achou que sim, mas parece estar arrependida.
Era setembro de 2021 quando o país levantou as cancelas de quatro rodovias importantes, as últimas de um pacote de sete estradas que deixaram de cobrar pedágios desde 2018.
A medida faz parte de um plano maior. A partir de 2024 o país quer cobrar pedágios de forma igual em todas as estradas, por quilômetro rodado e em poucos centavos de euros. A administração das rodovias será estatal.
Para colocar o plano em prática, o governo espanhol está deixando as concessões vencerem e assim evitar romper contratos – e pagar multas. Até que todas as rodovias sejam devolvidas ao estado espanhol, os motoristas vão poder usufruir de até seis anos de isenção de cobranças.
Em pouco tempo já foi possível perceber que os pedágios têm alguma função na segurança viária. Desde que as viagens ficaram grátis na AP-7, que liga a Espanha à França, o trânsito nas estradas aumentou 50% e os acidentes subiram ainda mais: 70%.
Pra piorar, o número de mortes disparou. Alta de 200% em comparação com 2019. Em pouco tempo, a AP-7 se tornou a rodovia mais mortal da Espanha.
Outro ponto verificado pelas autoridades foi a explosão de caminhões na rodovia e a consequente diminuição da velocidade média das viagens. Apesar da queda do valor do frete, os preços não melhoraram na economia local. A Espanha sofre com a inflação acima dos 10%, maior número em 37 anos.
Mas nenhum ponto positivo? Tem, sim. As rodovias vicinais, antes cheias de motoristas que preferiam fazer longos caminhos para escapar das cobranças, agora estão mais livres, servindo ao propósito inicial, que é atender a vizinhança, conforme o próprio nome diz…