Elétricos? Híbridos? Etanol? Marcas fazem apostas para o mercado latino de automóveis

Quando o carro elétrico será vendido pelas marcas mais populares? Chineses dizem estar mais próximos de fabricá-los no Brasil. E as outras marcas?

O futuro do mercado de veículos latino-americano ainda é uma verdadeira dúvida até mesmo para as montadoras. O carro elétrico está tomando as ruas dos países desenvolvidos, mas por aqui ele é objeto de luxo e nem toda marca pensa em trazer seus modelos para rodar aqui.

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Icar
ICar da Caoa Chery é importado da China (foto: Caoa Chery/ divulgação)

Neste texto vamos falar de carros acessíveis ao consumidor médio que atualmente pode adquirir um carro zero km. Os carros de luxo, em sua maioria importados, estão em um nicho mais distante e que seguem uma tendência dos países onde são produzidos.

Porque não chegam logo aqui?

A mudança de tecnologia em países como Estados Unidos, China e os europeus é questão de sobrevivência para as marcas. Por isso elas concentraram investimentos e novos projetos nestes locais. Nós, latinos, estamos em stand-by curtindo uma saideira dos motores à combustão que não se sabe até quando vai durar por aqui. Mas já sabemos que esse período será longo.

Qual a dificuldade em encher o mercado latino com carros elétricos?

Primeiro que a demanda no hemisfério norte pelo carro elétrico já suga toda a capacidade das indústrias. Segundo que nestes mercados as montadoras tradicionais sofrem grande concorrência da Tesla e de marcas chinesas que já nasceram elétricas.



Pode parecer algo comum, mas as marcas tradicionais estão tendo que passar por profundas transformações para entrar no mundo dos elétricos com a mesma eficiência financeira e administrativa de uma Tesla, por exemplo.

Assim é mais inteligente para uma “pré-histórica montadora” que ela se modernize totalmente em seu principal mercado para depois decidir se replica isso nos outros locais.

Com base nessas premissas nós conseguimos um panorama do que as marcas vão oferecer em um futuro próximo aqui no Brasil e países vizinhos:

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GWM, BYD, JAC e Chery

Os chineses estão aproveitando que as grandes marcas não estão com o foco na América Latina para se instalar por aqui com a nova tecnologia.

A Great Wall Motors (GWM) está instalando sua fábrica em Iracemápolis (SP) e já tem um grande pepino pela frente: desenvolver uma cadeia de fornecedores para o carro elétrico que é em sua mecânica é totalmente diferente do carro convencional.

A BYD forneceu carros para a polícia de São Paulo (foto: BYD/ divulgação)

A BYD terá fábrica na Bahia e a Caoa Chery já iniciou a trabalhar com veículos híbridos e também com o elétrico Icar, que não se vê pelas ruas.

Isso nos permite imaginar que dependendo da velocidade que estas marcas conseguirem nacionalizar as peças do carro elétrico, elas também sairão na frente e morderão uma fatia muito maior do mercado em relação ao que elas têm hoje. Chineses largando na frente, neste momento.

Stellantis (Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën)

Tem alguns veículos elétricos na linha que são importados da Europa para cá. No entanto, o grupo já afirmou que vê no etanol brasileiro uma matriz energética eficiente e ecológica para os próximos anos.

Significa que as marcas da Stellantis ainda vão se concentrar no motor à combustão por alguns longos anos mais. A sua esperança de ver um Fiat Pulse elétrico nas ruas está em um projeto da Stellantis em igualar as linhas da Fiat da Turquia, Itália e Brasil.

A notícia de que a marca vai igualar as linhas foi dada pelo CEO da Fiat à revista britânica Auto Express em janeiro. Com isso os carros da marca deverão ser semelhantes por aqui e lá. E quando isso vai acontecer? Por aqui ainda não se sabe, mas o primeiro projeto deve ser o carro que vai substituir futuramente o Argo.

Porém não se anime em pensar que será um carro elétrico. A empresa acaba de emitir um comunicado reforçando sua posição de que deve continuar produzindo carros à combustão por aqui. A alegação é que um motor elétrico no Brasil emite mais poluentes que um motor à etanol.

Explico: a empresa afirmou isso comparando todo o ciclo da energia, desde a geração da energia até o consumo no carro. Se você usa matrizes poluidoras para gerar energia, de nada adianta o carro ser elétrico. Essa alegação da marca contraria dados que já expusemos aqui no Turboway sobre a matriz de energia nacional.

Volkswagen

A Volks prevê lançar carros à combustão por alguns anos aqui ainda. Só que um modelo pode mudar todo o rumo da prosa entre os alemães. A marca já informou que vai trazer este ano o ID.4 ao Brasil, um SUV 100% elétrico.

Volkswagen ID.4 chegará ao Brasil (foto: Volkswagen/divulgação)

A chegada do ID.4 será para poucos bolsos. Ele ficará posicionado acima do Taos e do Tiguan, na faixa próxima aos R$ 400 mil. Porém se for bem aceito a marca poderá estudar trazer também seus irmãos menores (ID.3 e os recém divulgados ID.2 e ID.1).

Renault

Entre as marcas tradicionais é a que parece apostar mais nos elétricos. O Zoe foi um dos primeiros elétricos a desembarcar no Brasil e hoje a marca tem o E-Kwid. Em breve terá o E-Mégane.

O problema é que esses carros são importados da França e eles só vem para cá, sem qualquer menção da montadora em produzir por aqui. Sendo assim, ainda é difícil saber se a Renault está tateando o mercado ou se ela ainda está “perdida no personagem”.

O que é certo é que a marca terá mais elétricos na linha já a partir do próximo ano, mas continuará fabricando os convencionais Duster e o crossover sucessor do Sandero no Paraná.

Chevrolet

Assim como as marcas tradicionais como Fiat e VW a Chevrolet caminhou pouco no ramo da eletricidade no país. Tem o Bolt à venda, que vem importado dos Estados Unidos. Mas é esperado que em algum momento a empresa dê uma virada de mesa.

É palpite? Não. O presidente da empresa na América do Sul, Santiago Chamorro, disse recentemente ao jornal Valor Econômico que a GM quer liderar o processo de eletrificação na região. Para isso, além do Bolt trará o Equinox e a Blazer, ambos elétricos.

Chevrolet Bolt já é vendido no mercado nacional (foto: Chevrolet/divulgação)

A GM ainda espera um posicionamento do governo brasileiro sobre a tributação e possíveis incentivos à carros elétricos. Conseguirá a empresa se adiantar aos chineses por aqui?

BMW

A BMW não está entre os veículos mais acessíveis, mas aqui vale pontuar que a marca tem fábrica no Brasil e isso pode se tornar um problema.

É que no ramo em que a BWM atua os carros elétricos estão aumentando sua participação, justamente porque são importados de países que já vivem essa realidade.

A BMW divulgou recentemente que vai construir uma fábrica de elétricos no México. A BMW atualmente vende por lá os carros que fabrica no Brasil. Falta a marca dizer se também mudará a sua fábrica brasileira.

Toyota

A marca japonesa já deixou claro que seu forte são os veículos híbridos e vai continuar investindo nisso aqui no Brasil, onde já fabrica a linha Corolla híbrida.

Os híbridos são os carros que têm motores elétricos e motores convencionais ao mesmo tempo. O motor elétrico move o veículo e o motor convencional gera energia para o motor elétrico.

Espera-se que a Toyota expanda sua tecnologia híbrida para outras linhas mais baratas, como o Yaris.

Hyundai

A Hyundai tem uma situação curiosa no Brasil. Ela tem operações separadas, onde a Caoa representa a parte da linha importada e a própria Hyundai fabrica os modelos mais baratos (HB20, HB20S e Creta). Estes últimos não tem qualquer previsão de versões elétricas.

Hyundai Kona está sendo importado pela Caoa no Brasil (foto: Hyundai/ divulgação)

A Caoa no entanto já está importando e vendendo o Kona por aqui. Não se tem notícia de planos de carros elétricos da marca sendo fabricados por aqui.

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