O governo federal recentemente implementou uma medida para estimular o setor automotivo, oferecendo descontos significativos na compra de carros novos. Os descontos variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil – e podem chegar a R$ 10 mil, com um abatimento extra oferecidos pelas montadoras.
A iniciativa tem como objetivo incentivar o consumo e impulsionar a economia, proporcionando às pessoas a oportunidade de adquirir um veículo com condições mais favoráveis. Como resultado, muitos clientes aproveitaram essa oportunidade e embarcaram no processo de compra.
Os concessionários viram um aumento notável nas vendas, com filas de clientes em suas lojas e um movimento intenso nas concessionárias. No entanto, enquanto os consumidores comemoravam as oportunidades de compra, as locadoras de veículos, importantes participantes do mercado automotivo, enfrentaram uma situação desfavorável.
Com uma fatia significativa que já ultrapassa os 30% das compras de todos os carros vendidos no mercado nacional – mais de 700 mil unidades em 2023 – as locadoras ainda não foram contempladas pelos descontos concedidos pelo governo e pode ser que elas nem sejam.
É que o governo anunciou R$ 500 milhões em isenções, com prioridade de 30 dias para pessoas físicas. As locadoras entrariam a partir do segundo mês, um tempo razoável, já que a projeção do governo era que as isenções durariam 4 meses. O problema é que o consumo das pessoas físicas foi alto e é bem provável que a isenção dure apenas um mês – e não dê tempo para as montadoras aproveitarem. O governo não garantiu que irá ampliar a isenção.
Como resultado, muitas locadoras interromperam suas compras em junho, freando qualquer tipo de alta expressiva nos emplacamentos de carros zero km. Praticamente, o aumento nas vendas de pessoas físicas compensou a paralisação nas vendas a pessoas jurídicas. É até possível que haja um aumento no saldo final, mas nada gritante.
Passado o período de corre-corre às concessionárias, é provável que o mercado volte ao patamar anterior: com carros caros, clientes sumidos das lojas e locadoras salvando as vendas – essa última numa relação mais abalada e desconfiada do que nunca.