Como os juros influenciam o mercado de carros?

O Banco Central reduziu em 0,5% a taxa básica de juros do país, que agora está em 13,25%. E o que isso influencia no mercado de veículos?

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As taxas de juros dos bancos que financiam veículos seguem a taxa Selic. Os bancos praticam juros no patamar da taxa ou mais altos. Se eles praticam próximo à essa taxa, eles ficam seguros que não perderão dinheiro.

Se a economia não vai bem, há maior risco de calote de quem financia um veículo. Assim as taxas de juros vão subindo. Quem vai financiar um carro agora acaba absorvendo o prejuízo de quem já deu o calote. Lembre-se disso quando o seu vizinho se gabar de ter dado um chapéu no banco.

Porém a redução da taxa de juros de 13,75% para 13,25% é pouco significativa para o mercado de automóveis. Atualmente os bancos tradicionais estão praticando taxas médias de juros em torno de R$ 1,8% ao mês. Isso dá mais de 20% ao ano, muito acima da Selic. A taxa de juros atualizada para veículos pode ser consultada aqui.

Concessionárias sofrem com a alta taxa de juros (foto: Renault/ divulgação)

Taxa do terror

Uma taxa de juros alta assim afasta compradores e no Brasil temos uma taxa muito alta. Só se arrisca quem precisa muito de um carro, novo ou usado, parcelado. O “prejuízo no atacado” fica para as fabricantes, que não conseguem vender os estoques e consequentemente cortam sua produção e seus funcionários. É um ciclo e estamos falando apenas do setor automobilístico. Por isso a taxa de juros é importante para a economia do país.

O presidente da Anfavea, a associação das montadoras, disse recentemente que a taxa de juros praticada no país é mais problemática do que o preço alto dos veículos. “Não adianta ter uma medida ou outra, o mercado hoje precisa de crédito acessível, há dois anos, a gente vendia 70% dos carros a crédito, neste mês, vão ser menos de 30%. Isso significa que o consumidor médio saiu desse mercado e não está comprando o veículo. O preço é uma variável importante, mas o crédito é mais”, disse Márcio de Lima Leite em uma entrevista coletiva em junho.

Taxa e a inadimplência

Você vai observar que na tabela do Banco Central existem sim taxas de juros menores que 1,8%. Na data que publicamos este texto o Banco GM tinha taxa de 0,97%, ou 11,64% ao ano. É alto, mas é mais justo considerando o patamar estabelecido pelo Banco Central.

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Esse, aliás, é o motivo de muitas montadoras terem seu próprio banco no país. São uma forma de atender uma parte da demanda de compradores. Porém, para evitar alta inadimplência esses “braços bancários” das montadoras acabam fazendo uma análise muito mais criteriosa de quem financia, restringindo o crédito. E lógico, esses bancos não atendem outras marcas ou lojas de carros usados.

Então a taxa Selic vai trazer pouca – ou quase nenhuma – novidade para o mercado automotivo. É um indicativo de que pode cair ainda mais, mas os bancos precisam também baixar suas taxas. Com a inadimplência em alta, isso não acontece. Por isso o governo esteve preocupado recentemente em limpar o nome dos consumidores. Não é um problema exclusivo da economia brasileira, lembre-se que estamos vindo de uma pandemia e uma guerra na Europa – ainda e curso, diga-se.

Sede do Banco Central em Brasília (foto: Banco Central/ divulgação)

Muitas perguntas

E por que o Banco Central não reduz a taxa de juros drasticamente? Não resolveria o problema? Resolveria por alguns meses. Porém o consumo desenfreado poderia escalar a inflação. Aí para controlar a inflação, aumenta-se os juros muito acima dos 13%. É essa a realidade atual da Argentina.

Desse ponto de vista, não se engane. A forma com que o Banco Central e o atual Ministério da Fazenda têm lidado com a história está sendo bem vista pelo mercado.

Vamos voltar a ter um mercado de carros aquecido? Precisamos muito, para que indústrias não fujam do país.

Estamos caminhando para isso? Não é possível afirmar, afinal a situação econômica mundial atual é frágil. Os Estados Unidos, tido como uma economia segura, estão aumentando juros (ainda que estejam bem abaixo do nosso). Qualquer conflito em um canto do planeta pode mudar totalmente o cenário amanhã.

Vamos virar a Argentina? A situação econômica Argentina é uma consequência de vários erros econômicos de mais de uma década. Tanto governos de esquerda quanto de direita tomaram decisões muito ruins nesse tempo. A Argentina está, há anos, com juros e inflação muito altos, algo muito idêntico com o que vivíamos aqui no Brasil nos anos 80 e início dos anos 90.

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