Como era a fábrica que a Chevrolet fechou na Colômbia? Modelos do país eram diferentes dos brasileiros

Colmotores foi responsável por quase toda a história automotiva colombiana ao lado da Renault, que ainda mantém uma fábrica no país

A unidade colombiana tem 280 mil metros quadrados e carrega um simbolismo de anos produzindo automóveis e caminhões de várias marcas. O anúncio que a GM deixaria de produzir no país gerou comoção na Colômbia, que tem uma indústria automotiva pequena.

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A fábrica da Chevrolet que fica em um bairro de Bogotá já fabricou modelos da Dodge, Mercedes e Citroën antes de ser uma unidade da Chevrolet. A “Colmotores” começou suas atividades em 1956 como uma empresa colombiana que produzia modelos de grandes marcas sob licença. Não era ainda naquela época uma empresa do grupo General Motors.

Esse sistema de produzir veículos de marcas multinacionais sob licença foi muito comum no passado também no Brasil. Havia por aqui, por exemplo, a Vemag, que produzia veículos alemães sob licença.

Ingleses e barcas

A primeira empresa a fazer parceria com os colombianos foi a inglesa Austin, que levava partes de veículos fabricadas na Inglaterra para montar na Colômbia, em um sistema conhecido como CKD.



Em 1965 a Colmotores deixou de montar os veículos da Austin e foi comprada pela Chrysler para a produção de veículos da Dodge. O primeiro veículo de passeio foi o Dodge Coronet, um veículo caro que muitos chamariam de “barca” aqui no Brasil.

Dodge Coronet foi montado pela Chrysler na Colômbia (foto: reprodução)

Em 1969 a fábrica foi responsável pelo primeiro veículo popular da Colômbia, o Simca 1000. A Simca, uma marca francesa, estava em processo de incorporação à Chrysler. Quando a Simca chegou à Colômbia ela já havia sido extinta no Brasil pela Chrysler.

Além da Colmotores existia uma outra fábrica na região de Medellín que produzia veículos Renault. A rivalidade entre Chrysler e Renault era muito forte na década de 70 na Colômbia. Famoso criminoso colombiano, Pablo Escobar chegou a competir na Copa Renault.

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Como a Colmotores virou Chevrolet

Outro fato importante da década de 70 é que o petróleo encareceu em todo o planeta e as fábricas deixaram de produzir veículos beberrões para priorizar veículos menores e mais econômicos. A Chrysler sofreu muito com essa crise e acabou se desfazendo de várias de suas unidades. A Colmotores foi uma delas e acabou sendo vendida para a Chevrolet em 1979.

A Chevrolet imediatamente foca em estabelecer uma rede forte de concessionárias na Colômbia. Aqui um ponto interessante: enquanto no Brasil a GM apostava nos projetos da Opel para compor sua linha, na Colômbia a marca escolhida para emprestar seus projetos foi a japonesa Isuzu. Posteriormente modelos feitos em parceria com a Suzuki foram montados no país. As informações são do site “Carro Colombiano”.

Aqui um plus: além dos produtos fabricados na própria Colômbia a Chevrolet resolveu importar modelos brasileiros para compor a linha. O Chevette fabricado em São José dos Campos, interior de São Paulo, foi um destes modelos.

Nos anos 90 a fábrica colombiana montou os Suzukis Swift, Samurai, Vitara e Wagon R. Todos com a marca Chevrolet no lugar do emblema da marca japonesa. Ao mesmo tempo importava o Corsa brasileiro, também fabricado no interior de São Paulo. Com esse time conseguiu a liderança naquele mercado.

Estratégia diferente da marca no Brasil

É curioso que a Chevrolet na Colômbia e sua irmã no Equador sempre trilharam caminhos bem diferentes da Chevrolet brasileira. Não apenas pela adoção da linha Suzuki. Nos anos 2000 a marca optou por levar caminhonetes japonesas da Isuzu no lugar dos projetos como a S10 brasileira. A explicação é que aqueles mercados pediam um produto mais barato.

Chevrolet Optra, um produto desenvolvido pela sul-coreana Daewoo

Chegaram então o Chevrolet Spark, o Chevrolet Optra e o Chevrolet Aveo, produtos que nunca tivemos no Brasil. No caso, esses produtos eram sul-coreanos. A GM tinha sob seu comando a Daewoo, marca que não existe mais. Deu certo, afinal estes modelos se tornaram os mais vendidos da Colômbia naquela época.

A década de 2010 mostrou outra mudança de tendência na Chevrolet colombiana que também não tinha nada a ver com o que acontece no Brasil: a marca começou a comercializar produtos de origem chinesa, como o Chevrolet Sail. O último modelo fabricado na fábrica colombiana foi o Chevrolet Onix Joy, a geração anterior do Onix que temos aqui.

Imagem aérea da Colmotores, na Colômbia

Abalo profundo na indústria automotiva colombiana

A GM anunciou à imprensa colombiana que pretende vender o terreno de sua fábrica colombiana. A tristeza dos colombianos é profunda: com o fim da Colmotores apenas a Renault produz veículos no país.

Apesar da GM ter optado por uma saída da Colômbia semelhante ao que a Ford fez no Brasil, por aqui temos dezenas de outras fábricas. Os colombianos tem apenas mais uma.

Publicada originalmente em

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