Citroën Xantia completa 30 anos, de revolução em conforto à mico entre usados

Xantia foi um automóvel com inovações a frente do tempo em que chegou ao Brasil, mas carecia de locais especializados em sua manutenção

Dirigir um Citroën Xantia nos anos 90 era como olhar os outros carros na rua como ultrapassados. O hatch chegou com linhas modernas e conforto inigualável em uma época que as marcas se permitiam ousar: a grande novidade era a suspensão, que fez dele um bom carro, mas que colocou um preço nisso com o passar dos anos.

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Era o início dos anos de importação de carro no país e a referência de conforto aqui ainda era de carros com padrão abaixo do que se oferecia na Europa. Ao lado de outro francês, o Renault Laguna, o Xantia esbanjava em classe e conforto em meio aos veículos de luxo nacionais da época.

Citroen Xantia completa 30 anos
Xantia chegou ao Brasil importado em 1994 (foto: Citroen/ divulgação)

Suspensão revolucionária

O Xantia apareceu na Europa em março de 1993, no Salão do automóvel de Genebra e chegou importado ao Brasil no ano seguinte. Mais de 2 mil unidades chegaram aqui de navio naquele ano vindos da França.

O que fazia o Xantia diferente no conforto era a suspensão, onde a Citroën inovou apresentando um sistema hidropneumático controlado eletronicamente e que estava presente nas versões mais caras do Xantia que chegaram ao Brasil.



A suspensão substituía as molas e amortecedores por um sistema de esferas preenchidas por nitrogênio e tudo isso feito por controle eletrônico.

Segundo a Citroën, essa tecnologia chamada Hytractive II era equipada com sensores e o computador de bordo conseguia programar a condução para um modo mais flexível ou um modo mais esportivo. O resultado na prática: passar pelos desníveis e buracos das ruas brasileiras sem sentir pancadas.

Citroen Xantia completa 30 anos
Xantia chegou ao Brasil importado em 1994 (foto: Citroen/ divulgação)

Esse conforto cobrava algum preço do dono. Não apenas no preço do carro, mas alguns cuidados especiais. Primeiro, ao ligar o carro era necessário esperar que o sistema calibrasse antes de engatar a marcha e sair rodando. Muita gente impaciente foi parar na concessionária por causa disso. Aí você sabe, a mão de obra de um sistema assim, novo no planeta, tinha alto custo e nem sempre as concessionárias da época resolviam de fato o problema.

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Se você não viveu os anos 90 e não sabe porque os carros franceses ganharam má fama no mercado de usados, lembre-se do Xantia e de sua suspensão.

O sistema Hydroactive II já era uma evolução de um sistema utilizado pela marca de luxo da Citroen, a DS, na Europa. O sistema seguiu sendo aperfeiçoado e foi usado também no sucessor C5 e descontinuado em 2016.

Estiloso e silencioso

Dos importados que chegaram ao Brasil na época, o Xantia era um dos mais estilosos. Quem teve ou tem um Xantia ainda conservado vai lembrar não apenas do conforto, mas da estabilidade do carro e também do silêncio do veículo.

Citroen Xantia completa 30 anos
Xantia chegou ao Brasil importado em 1994 (foto: Citroen/ divulgação)

Isso divide as impressões sobre um Xantia em dois momentos. O Xantia novo, uma nave para a época, de um Xantia usado: amigo dos mecânicos. Por isso comprar um Xantia usado requer muito estudo sobre o estado atual do veículo.

Pelo lado bom, o Xantia trazia bancos confortáveis, versão com teto solar, vidros elétricos nas quatro portas, ar-condicionado eletrônico, freios ABS.

Pelo lado sombrio, além da suspensão, os donos atuais reclamam de vazamento de óleo, alguns problemas com embreagem e peças e mão de obra muito caros em relação aos outros veículos da mesma época. O consumo de combustível também é alto. O Jornal do Carro definiu a média do Xantia 2.0 como 6,8 km/l (gasolina).

A versão com motor 2.0, em sua configuração original, pesava 1340kg e acelerava de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e atingia a velocidade de 212 km/h

Segundo dados da Citroën, o carro de de 1.340 kg acelera de 0 a 100 Km/h em 9,1 s, e atinge a velocidade de 212 km/h.

Xantias no Brasil

Segundo o Denatran, existem hoje pouco mais de 6 mil Xantias com cadastro ativo no Brasil. A maior parte (quase 3 mil) são modelos anos 94 e 95.

A maior parte que ainda roda é o Xantia que tem versão de suspensão de controle mecânico. O Xantia com controle eletrônico da suspensão já é uma máquina rara no Brasil. Segundo a Fipe, 14 versões do Xantia foram comercializadas no Brasil até o ano 2000.

Quem tem um Xantia até hoje sabe que para manter o veículo em boas condições não é preciso apenas o convencional zelo do dono, mas também a confiança em um bom mecânico. Quem encontrou esse equilíbrio tem um ótimo carro nas mãos.

Publicada originalmente em

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