Carros elétricos e mudanças de tecnologia forçam aposentadoria do rádio AM no Brasil

Carros com frequências FM mais completas estão saindo assim de fábrica desde 2019 por uma exigência do governo

Você já reparou que nos carros mais novos o rádio FM tem mais faixas do que nos carros antigos? Se não, repare. Normalmente a sintonia das rádios iniciava na frequência de 88MHz (megahertz) e seguia até 108MHz. Agora essa frequência parte de 76MHz e isso faz parte do projeto FM estendido, que tem tudo a ver com as mudanças tecnológicas que estamos vivendo. Novos celulares, novos carros elétricos, etc.

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O que levou a criação desta faixa FM estendida é o declínio da faixa AM. Todo mundo sabe que no Brasil existem duas faixas populares de rádios. A AM tem maior alcance, porém menor qualidade de som. Já a FM está associada à maior qualidade, mas tem um alcance bem mais limitado.

Área multimídia de modelo da Tesla, que já começou a abolir a frequência AM de seus carros (foto: Tesla)

A frequência AM, no entanto, é mais sensível à interferências e esse é o principal problema. Novas tecnologias de celulares e outros aparelhos interferem na faixa e a frequência eletromagnética gerada pelos motores elétricos de alguns modelos também conflitam com a frequência.

Interferência

O que ocorre, segundo especialistas, é que carros elétricos possuem um sistema de motor e inversor de frequência que podem gerar interferência na recepção justamente da faixa de rádios AM. Os primeiros carros elétricos adotaram alguns filtros de frequência para não ter este tipo de problema.



Acontece que carros elétricos são fabricados pensando em um público específico. Na Europa, um dos principais mercados de elétricos, o rádio AM já está completamente obsoleto. Por lá o sistema mais moderno é o rádio digital, que não temos ainda por aqui. Isso levou as fabricantes como Tesla e BMW a aposentar o uso do rádio AM em seus veículos.

Rádios AM estão virando FM

Com a queda do AM, o Governo Federal atendeu ao pedido de empresas de rádio e faz há alguns anos um plano de migração das rádios AM para a frequência FM. Só que em cidades grandes, como São Paulo e Rio, há muitas rádios para um espaço limitado de frequências. Por isso foi definido que os rádios novos devem captar uma frequência maior.

E os carros têm saído de fábrica com essa frequência estendida porque assim foi determinado em 2019 por uma portaria. Não é invenção de montadora. E na cidade de São Paulo já existem várias rádios na frequência estendida. O problema é que quem está em um carro com rádio fabricado antes de 2019 pode não conseguir ouvir a programação.

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Isso não impede que quem tenha um radinho de pilha em casa continue ouvindo sua estação AM preferida. O problema é que com a perda de muitos ouvintes motoristas as operações destas rádios devem se tornar financeiramente inviáveis.

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