Carro para aplicativo: a Gurgel já pensava nisso há 30 anos

Gurgel pretendia fabricar veículos específicos para atender o mercado de lotações. Veículo tem proposta semelhante à carro específico para aplicativo.

A marca chinesa BYD trouxe ao Brasil o D1 EV, um carro totalmente elétrico voltado para motoristas de aplicativo (foto abaixo) que tem entre outros atributos um espaço maior na parte traseira, espaço para bagagem e porta lateral corrediça para facilitar o embarque e desembarque.

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É um carro caro, custa quase R$ 300 mil, mas tem como proposta melhorar a experiência do passageiro de taxistas e motoristas de aplicativo. O que você não sabia? A proposta foi pensada pela Gurgel 30 anos antes.

Gurgel lotação

A proposta para um carro específico para o transporte coletivo foi patenteada pela Gurgel no dia 17 de outubro de 1989 a brasileira Gurgel apresentou a patente de um “carro para lotação”. Um carro que teria portas alternadas: uma para o motorista na parte da frente e outra para o passageiro, na parte de trás.

A imagem abaixo ilustra a visão da lateral direita do veículo, do jeito como foi desenhada pela Gurgel e cadastrada no sistema do governo:



O veículo foi definido assim no depósito de patente: “Veículo para lotação, compreende uma carroceria provida de uma porta lateral dianteira de acesso para o motorista, de uma porta lateral traseira para acesso do passageiro e uma porta traseira de acesso ao compartimento de malas do veículo, sendo que no interior do veículo motorista tem uma região de acomodação totalmente isolada da região de acomodação de passageiros e da região de acomodação de volumes”.

Ou seja, era a proposta de um carro convencional onde na frente iria apenas o motorista e um espaço para bagagem. Os passageiros iriam todos no banco de trás. É funcional e serviria muito para os motoristas atuais de aplicativo, mas não atenderia a necessidade da época onde as lotações como o próprio nome diz, prezavam pela lotação total do veículo.

A justificativa da Gurgel dizia que os motoristas de táxi e os de lotação utilizavam carros convencionais para o serviço, que não atendiam as necessidades. Também afirmava a empresa que não ter um isolamento entre o motorista e os passageiros afetava a segurança do serviço.

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Vale ressaltar que lá em 1989 eram mais comuns os carros de duas portas. Boa parte da frota de táxi tinha veículos de duas portas e isso era uma justificativa para a Gurgel colocar um novo produto no mercado.

A patente registrada na época pela “Gurgel Tec”, que está disponível no sistema brasileiro de marcas e patentes, previa a colocação de paredes translúcidas ao lado do motorista. Pense que estamos falando de um carro ideal para o período pandêmico que estamos atravessando. Claro que estou exagerando.

Como se sabe, o projeto da Gurgel não foi para frente. Apenas algumas carrocerias de teste foram produzidas, mas não chegaram a rodar.

A patente do carro para lotação está até hoje em nome da Gurgel e faz parte do patrimônio que a massa falida não conseguiu se desfazer, como um terreno no Ceará. Como a proposta é sobre algo muito comum e difícil de diferenciar de um carro convencional, dificilmente a massa falida conseguiria algum retorno financeiro com a patente.

Gurgel van

Um outro projeto da Gurgel para o transporte de passageiros era uma van, que acabou com apenas um veículo para testes produzido e que foi abandonado posteriormente na fábrica. Um entusiasta da marca comprou o que restou do veículo e colocou ele para rodar. Essa história foi publicada pelo Jornal do Carro e você pode ler aqui.

Publicada originalmente em

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