Carro elétrico à brasileira: o país está preparado para o futuro?

venda de elétricos e híbridos
Elétrico da JAC Motors (Foto: divulgação)

O assunto do momento no mercado automotivo é o carro elétrico e as marcas estão se movendo cada vez mais rápido para isso. Na quinta-feira a Stellantis – conglomerado que reúne Fiat e Peugeot – anunciou um investimento de 30 bilhões de Euros em 4 anos para colocar em prática um processo de eletrificação de seus veículos na Europa e nos Estados Unidos.

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Não é só a Stellantis, quase todas as empresas estão se movendo neste sentido, sem priorizar o mercado da América Latina. Não é apenas uma prioridade de primeiro e terceiro mundo, mas a chegada do carro elétrico está tornando evidente um descaso de décadas com infraestrutura e política de meio ambiente por aqui.

No Brasil vivemos constantemente a ameaça de racionamento e apagões. E há 20 anos estamos resolvendo a situação à moda brasileira, quando o sistema chega perto do colapso fazemos um puxadinho que adia o problema em alguns anos. O resultado disso é que não temos planejamento a longo prazo e cada vez que isso acontece temos um encarecimento na conta de energia.

Dois carros na garagem

Isso nos faz imaginar um futuro do carro elétrico à brasileira: enquanto em países desenvolvidos o carro elétrico será predominante, aqui no Brasil nós teremos a triste situação de dois veículos na garagem, um elétrico e um a combustão. Quando estivermos com a conta de energia super cara ou houver racionamento, saímos no carro a gasolina e quando o preço da energia cai, voltamos ao elétrico. Parece possível essa situação para você?



Como comparativo, nos dias atuais o valor para percorrer 100 quilômetros com um carro convencional é de R$ 45 (em média). O carro elétrico faz o mesmo percurso com R$ 15. Não é nada impossível que este valor suba muito nos próximos anos, já que toda vez que o nível dos rios baixa nós apelamos às usinas termoelétricas. E aqui nós temos outra jabuticaba brasileira: se continuarmos aumentando nossa dependência de termoelétricas, que são altamente poluentes, do que adiantará termos carros elétricos?

Renault Zoe é o elétrico da Renault no Brasil (Foto: divulgação)

Não existe até o momento um plano específico para o carro elétrico no Brasil. Não há incentivo tributário para que as empresas tragam para cá essa tecnologia e tampouco um plano para que a nossa rede elétrica receba milhões destes aparelhos carregando ao mesmo tempo. Afinal, é de se considerar que carregar um carro elétrico não é como adicionar um simples carregador de celular na rede.

Os mais “cabeças-dura” dirão que não é papel do governo colocar incentivos para que empresas produzam o carro elétrico aqui. São os eternos defensores de que no capitalismo as empresas devem arcar sozinhas. Não funciona assim e todos sabem disso. No mundo real, as empresas vão para países que se entusiasmam com a nova tecnologia. Portanto, já é mais do que hora do Brasil se atentar a isso, sob pena de ver as empresas saindo daqui para produzir o tal carro elétrico no México ou na Argentina, países que têm taxa de importação zerada para o Brasil.

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O carro elétrico atual é um luxo, uma tecnologia acessível a poucos, coisa de classe alta de fato. Sem um plano claro específico para este tipo de veículo, corremos o risco de manter essa situação por anos. Um atraso total para um país que quer ser desenvolvido.

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