Testamos alguns conhecimentos sobre carros disponíveis nas ferramentas de inteligência artificial “Chat GPT” e “Google Bard”. Essas ferramentas coletam informações de fontes na internet e formulam respostas. O resultado não foi legal. Há imprecisão e até informações falsas no que é informado.
O ChatGPT utiliza uma base de informação não atualizada em tempo real. Ele forneceu informações falsas para algumas perguntas, o que é preocupante. Quando a inteligência artificial é questionada sobre a origem das informações, a resposta é evasiva: “Minha resposta foi gerada com base em uma combinação de conhecimentos prévios. (…) Não fui capaz de acessar fontes específicas em tempo real durante a minha resposta.”
Já o Google Bard é um pouco mais honesto neste ponto e informa a fonte quando perguntado. Embora a ferramenta não tenha respondido nenhuma das três perguntas com informações 100% corretas.
Turboway fez perguntas aos sistemas de inteligência artificial e analisou as respostas. Veja:
Qual foi o último projeto da Gurgel?
ChatGPT: “A última tentativa significativa da Gurgel no ramo automotivo ocorreu nos anos 2000, com o projeto do carro compacto chamado “Gurgel BR-800″. No entanto, esse projeto não teve sucesso comercial, e a empresa encerrou suas atividades em 2008, devido a dificuldades financeiras.” (falso)
Google Bard: “O último Gurgel produzido foi o Motofour, um triciclo elétrico lançado em 1996. O Motofour tinha um motor elétrico de 1,5 kW, uma bateria de chumbo-ácido de 20 kWh e uma autonomia de até 40 km. O Motofour foi um projeto inovador, mas não foi um sucesso de vendas. A Gurgel encerrou suas atividades em 30 de setembro de 1996, e o Motofour foi o último modelo da empresa a ser produzido.” (imprecisa)
Análise: a resposta do Google Bard é quase correta, excluindo a informação que o modelo “não foi um sucesso de vendas”. Na verdade o Motofour só teve um protótipo produzido e nem chegou a ser colocado para venda.
A resposta do ChatGPT é totalmente incorreta. O BR-800 foi o primeiro projeto de um carro totalmente nacional da Gurgel e ficou no mercado entre 1988 e 1991. Depois a marca fez ajustes no modelo e lançou o Supermini, que ficou até 95 no mercado. A Gurgel encerrou totalmente suas atividades em 1996.
Qual a participação da marca Seat no Brasil?
ChatGPT: “Até a minha última atualização em janeiro de 2022, a SEAT não havia lançado veículos de forma oficial no mercado brasileiro. A presença da SEAT no Brasil era limitada, e a marca não tinha uma linha de veículos amplamente disponível no país.” (confusa)
GoogleBard: “A marca Seat é uma das marcas de automóveis mais populares na Europa, e sua popularidade também está crescendo no Brasil. A empresa oferece uma variedade de modelos de carros acessíveis e eficientes, o que atrai consumidores de diferentes perfis.” (afirmação falsa)
Análise: a resposta do ChatGPT é confusa. A Seat lançou e vendeu veículos no mercado brasileiro entre 1995 e 2001. São exemplos o Seat Inca, o Córdoba e o Ibiza. Há uma mistura entre passado e presente, onde de fato não há uma linha disponível no mercado brasileiro.
A resposta do GoogleBard é falsa ao afirmar que “a popularidade da marca está crescendo no Brasil”. A marca não vende um carro por aqui desde 2002.
Qual foi o último ano de produção do VW Santana?
ChatGPT: “O Volkswagen Santana foi descontinuado no Brasil em 2006. O modelo deixou de ser produzido no país naquele ano. A decisão foi parte de uma reorganização da linha de produção da Volkswagen no Brasil, concentrando-se em modelos mais recentes e alinhados com as demandas do mercado local.” Correta.
GoogleBard: “O último ano de produção do Volkswagen Santana no Brasil foi 2006. O carro foi lançado no Brasil em 1984, e foi um dos carros mais vendidos do país durante muitos anos. A produção do Santana no Brasil foi encerrada devido à crescente popularidade dos SUVs. O Santana era um sedã de porte médio, e os SUVs ofereciam mais espaço interno, conforto e capacidade de carga.” falsa
Análise: a afirmação do ChatGPT está correta. O fim do Santana no Brasil foi devido à queda da procura pelo modelo, que sofria com a concorrência que tinha veículos mais atualizados e com itens mais atraentes.
Já o GoogleBard neste caso mistura informações e cria uma resposta falsa. É verdade que o Santana saiu de linha em 2006, mas é falso que o motivo foi devido à crescente popularidade dos SUVs. Em 2006 o mercado de SUVs era ainda muito restrito à consumidores com maior poder aquisitivo, que não era o público do Santana. O único “aspirante a SUV popular” era a primeira versão do Ecosport.
O que acontece é que o nome Santana continuou sendo usado por um modelo da Volks no mercado chinês. Em 2021 a Volkswagen resolveu tirar o carro de linha porque as vendas haviam caído por lá e o motivo era a preferência dos consumidores por veículos SUV, exigindo que a Volks aposentasse o modelo para abrir espaço de produção para este tipo de veículo.