Levantamento aponta que Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai estão entre os países que o cidadão trabalha, trabalha, trabalha e dificilmente consegue comprar e manter um carro.
A conversa é de botequim: carro no Brasil é muito, muito caro. E não é uma falácia, assim prova um levantamento do site inglês scrapcarcomparison feito em 2021. O problema não se resume ao Brasil mas sim à região em que estamos: os carros da América do Sul estão entre os mais caros do planeta em relação à realidade econômica da população.
A comparação é feita com base no preço dos veículos mais baratos disponíveis no país em relação ao salário mínimo. No ranking dos 5 países mais caros o Brasil está na quinta posição. Outras 3 são ocupadas por Argentina, Colômbia e Uruguai. A exceção do ranking é a líder Turquia, lider isolada.
Para entender a comparação, o site buscou o salário que seria necessário você ganhar por 1 ano no país para comprar o carro mais barato. No Brasil, por exemplo, seria necessário ganhar 441% do salário mínimo atual por mês para comprar e manter um carro do patamar de R$ 50 mil.
Confira onde estão os carros mais caros do planeta:
Turquia: 652% do salário mínimo.
Argentina: 515% do salário mínimo (US$ 310).
Colômbia: 508% do salário mínimo
Uruguai: 443% do salário mínimo.
Brasil: 441% do salário mínimo (US$ 230).
Imposto alto
A explicação dos altos preços na região são os impostos e os custos para produzir o veículo. Segundo já manifestado pela associação dos fabricantes, a Anfavea, o acúmulo de imposto em alguns casos pode representar até 54% do valor de um carro que roda no Brasil.
Os custos de produção e logística são equivalentes em países como Colômbia e Argentina. E a questão principal que revela essa pesquisa de preços: os salários em nosso país e nos vizinhos estão muito defasados.
No México, país que é hoje um dos concorrentes (e ao mesmo tempo parceiro) do Brasil na produção de veículos esse custo de impostos fica em torno de 19%.
Vale também citar os países onde o custo de aquisição e manutenção dos carros fica mais em conta:
Austrália: 49% do salário mínimo médio.
Estados Unidos: 54% do salário.
Dinamarca: 60% do salário.
Canadá: 64% do salário.
Suécia: 75% do salário.
Dívida eterna
Imagine que absurdo pode soar ao cidadão australiano ao saber que para comprar um Kwid o brasileiro que ganha 1 salário mínimo precisaria trabalhar por 4 anos e 2 meses sem gastar nenhum centavo com outras atividades.
Se mudarmos a conta e levarmos em consideração que este brasileiro consiga separar todos os meses R$ 122 (10%) para comprar seu carro, o mesmo Kwid seria pago daqui 50 anos. O que seria impossível pelos meios normais já que o prazo máximo de parcelamento oferecido atualmente é de 60 parcelas.
Com a gasolina a R$ 7 e o IPVA de 4% esse carro serviria apenas para decorar a garagem da casa. Carro zero é para poucos no país.