A Stellantis, dona da Fiat, Jeep e Chrysler, entre outras marcas, está vivendo uma situação daquelas nos Estados Unidos. Ela está tendo que acelerar a eletrificação da frota, antes prevista só para o fim da década. O motivo é a lei ambiental americana. E ao mesmo tempo está incentivando a venda de carros a gasolina.
Estados como a Califórnia estão dificultando a venda de veículos movidos a gasolina de qualquer montadora. No total, dos 50 estados americanos, 14 estão com leis anti veículos a combustão previstas para até 2026.
Por isso, a Stellantis emitiu um comunicado às concessionárias destes estados para venderem veículos a gasolina apenas sob demanda. Elas deixarão de fazer estoque e as entregas serão mais longas.
Para evitar prejuízos, os revendedores passaram a encomendar todos os híbridos que eles podem da fábrica, a fim de evitar falta de estoque. E durante as vendas, eles deixam claro para o consumidor: comprar um eletrificado é vantagem no momento.
Mas a falta de uniformidade na lei americana criou falta de padrão entre as concessionárias. Naqueles estados em que a lei é contra o carro a combustão, está mais fácil comprar um Jeep Wrangler híbrido e o movido a gasolina só sai por encomenda. E onde é fácil comprar carro a gasolina, é o hibrido que sai sob encomenda.
E aí fica uma situação estranha. A montadora se prepara para ser elétrica, mas em 36 estados, onde vivem 64% da população americana, ela está empurrando carros a gasolina ao consumidor, já que o híbrido demora mais para ser entregue. Como trabalhar a virada de chave no consumidor se a própria empresa é conservadora nestes estados?
Com a falta de um padrão, muitos consumidores estão indo a estados vizinhos para fazer suas compras, anulando as intenções dos governos estaduais e também da própria Stellantis.
Enquanto o mercado tenta se entender, a Califórnia comemora a eletrificação. Com os incentivos aos elétricos (ou desestímulo ao carro a combustão), a frota californiana cresce exponencialmente rumo ao futuro. Em 2026, 35% das vendas deverão ser de eletrificados, 68% em 2030 e 100% em 2035.