Um vídeo publicado no Youtube em 2012 e que já rodou por aí no passado voltou a viralizar em 2023. Ele mostra como era São Paulo em 1988, com suas ruas, avenidas, carros e pessoas circulando na cidade mais de três décadas atrás. O vídeo bateu recentemente os 2 milhões de visualizações.
O vídeo com 42 minutos de duração acaba de completar 35 anos de existência. Era domingo, 16 de outubro de 1988, quando um grupo de japoneses decidiu sair pelas ruas da capital paulista gravando tudo com uma câmera. A jornada impressiona, pois revela em detalhes vias históricas e que são fáceis de comparar com os dias atuais.
O vídeo sobre São Paulo em 1988 mostra a Avenida 9 de Julho a partir do Jardim Paulista até chegar no corredor norte-sul, mostra o Aeroporto de Congonhas, o bairro da Liberdade, a Catedral da Sé, entre outros marcos históricos da maior cidade brasileira.
Segundo o censo da época, São Paulo tinha cerca de 9 milhões de habitantes, 22% a menos dos que os 11,5 milhões de agora. E tinha muito menos veículos. A frota na época era de cerca de 3,5 milhões, 61% a menos. Hoje, entre carros, motos e veículos comerciais, a cidade possui uma frota de 9,1 milhões de veículos.
Por isso, mesmo em um domingo, chama a atenção a tranquilidade das ruas da São Paulo de 1988. Nada de congestionamentos, nada de filas longas. As poucas paradas ocorrem por causa dos semáforos. Arrisco a dizer que o mesmo percurso, num domingo atual, leve pelo menos o dobro de tempo para ser percorrido.
É legal de ver a variedade de modelos nas ruas. Na verdade, a pouca variedade. São muitos Fuscas, Brasílias, Kombis, Chevettes e Escorts povoando a cidade. Nada de SUVs, carros blindados ou elétricos. Nada de marcas pouco conhecidas, nem japonesas muito menos chinesas. As quatro grandes – GM, Ford, Fiat e Volkswagen – é quem ditam o ritmo.
É curioso pensar também que alguns dos modelos rodando no vídeo foram fabricados nos anos 1960. São os equivalentes aos carros fabricados em 1990 nas ruas de hoje em dia. Antigos, mas nada de obsoletos. Um FNM JK pode ser visto aos 8 minutos e 20 segundos do vídeo. Aos 9 e 25, um veículo branco que não pudemos identificar. Se você souber, deixe nos comentários.
É muito nítido perceber que São Paulo era mesmo dos carros. Quase não havia motos e nem mesmo ônibus, que rodam em menor número aos domingos atuais, mas rodam. Em 1988, eram poucos. Aliás, naquela época, nada de SPTrans. Os coletivos eram operados pela finada CMCT, que só seria desativada em 1995.
São Paulo, aliás, foi pensada para carros, principalmente em seu período de grande expansão. O “Plano de Avenidas” da década de 1930, do então prefeito Prestes Maia, prevaleceu até 1990, quando então a cidade se abriu mais ao transporte público e, mais recentemente, às bicicletas.
Outro ponto importante a se destacar é a atual Lei Cidade Limpa. Hoje em dia, as propagandas em outdoor, pinturas, cartazes e etc, são proibidas pela cidade. São Paulo em 1988 era um fluxo perene de luzes, cores e tudo mais que a publicidade pensasse para vender seus produtos. Aos 16 minutos e 53 segundos do vídeo é possível ver uma super propaganda num edifício, algo impensável em 2023.
Algumas vias ainda não existiam em São Paulo em 1988, como por exemplo o túnel São João Paulo II, no Vale do Anhangabaú, em obras na época. Havia apenas o Buraco do Ademar, que justamente em 1988 deixaria de existir. É possível vê-lo nitidamente aos 19 minutos e 30 segundos.
Nada também do Túnel Ayrton Senna, que passa debaixo do Parque do Ibirapuera. O complexo viário só seria inaugurado em 1995. Aos 35 minutos e 25 segundos é possível ver como era o trecho ainda sem o túnel. Falando em Senna, ele não era nem campeão mundial de F1. O primeiro título viria dois domingos depois, no dia 30 de outubro de 1988.
Por outro lado, muitas e muitas construções estão lá, quase iguais. É só dar play e ir comparando.
São Paulo em 1988 x São Paulo em 2020
Quem preferir, pode assistir a outro vídeo, em que um canal fez exatamente a comparação da São Paulo antiga com a atual. Na verdade, o vídeo é de 2020, mas serve como base de comparação com 2023, já que pouco mudou nestes 3 anos.
O vídeo não chega a comparar os 42 minutos do original, mas é um bom entretenimento.