A BYD divulgou que fez mudanças na gestão da implantação de sua futura fábrica na cidade baiana de Camaçari. No final do ano passado uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego constatou que trabalhadores chineses estavam no local expostos à condições análogas à escravidão. Fato grave que manchou a imagem da empresa no país.
A empresa divulgou uma nota nesta quinta-feira (16/01) onde alega que contratou uma construtora brasileira para assumir o lugar da Jinjiang, uma construtora chinesa que foi apontada pela montadora como responsável pelas condições lamentáveis dos trabalhadores constatadas na fiscalização. A legislação brasileira, no entanto, não dá margem para que empresas que terceirizem serviços aleguem desconhecimento de condições precárias de trabalho em suas dependências.
A BYD adquiriu a antiga fábrica da Ford em Camaçari, interior da Bahia, e atualmente realiza obras de ampliação. No local a marca deve produzir veículos diversos para o mercado latino. A BYD é uma das maiores empresas automotivas da China e também atua na área de transporte público.
Mudança drástica
Segundo a BYD foi criado um comitê de compliance para acompanhar a conclusão da obra que inclui representantes da empresa, escritórios de advocacia e especialistas em direito do trabalho e cum consultor independente. As fotos divulgadas pela BYD à imprensa destoam completamente das condições que eram oferecidas pela Jinjiang (foto abaixo).
Os chineses flagrados em situação de maus-tratos na empresa estão hospedados em hotéis, segundo a BYD. As refeições estão sendo feitas no refeitório da fábrica (foto abaixo). A Ford ocupava as instalações até 2021.
“Temos fábricas de chassis de ônibus e painéis solares em Campinas, além de uma fábrica de baterias em Manaus. Conhecemos e respeitamos as leis locais, e temos muito orgulho de que nossos colaboradores tenham conseguido crescer profissional e pessoalmente“, diz trecho da nota enviada pela empresa à imprensa.
Empresa achou que foi retaliada
Desde o episódio a BYD tem feito um trabalho de gestão de crise. Apesar da situação absurda encontrada pela fiscalização, a Reuters informou que a Jinjiang se declarou prejudicada na história, acusando “forças estrangeiras” e veículos de imprensa de difamar as marcas chinesas no Brasil. As fiscalizações do Ministério do Trabalho e Emprego são rotineiras no país e já autuaram empresas nacionais e também de diferentes nacionalidades.
Segundo o Ministério, por ano cerca de 3 mil trabalhadores são resgatados em condições semelhantes às encontradas na fábrica da BYD. No entanto, foi a primeira vez que uma situação destas foi constatada em uma indústria automotiva. A maioria dos casos acontece com trabalhadores rurais.