Depois de décadas, o carro voltou a ser investimento. Você compra, usa o bem e depois vende por um preço superior ao que comprou, ou próximo disso, e lucra na transação. Era assim décadas atrás e deixou de ser com a popularização do automóvel, sobretudo com a chegada do carro popular de entrada. A pandemia inverteu a lógica, mas até quando o carro será investimento e o preço irá cair?
Alguns ricaços lucraram na pandemia. Donos de Porsche, por exemplo, ganharam muito mais investindo em modelos da marca do que no mercado de ações. Por exemplo, quem comprou um Porsche 2018 em 2021 e vendeu em 2022, lucrou nada menos do que R$ 187.698, em média. Levou de brinde um VW Taos 0km, apenas por ter comprado e vendido um modelo – e desfrutado do carro no período.
Levantamento da Mobiauto mostra que dos 10 carros de segunda mão que mais valorizaram na pandemia 7 foram Porsches, todos com valorização superior a 20%, mesmo usados.
Mas não só com carrão. Em geral, todos os veículos valorizaram durante o período. Bastava comprar um modelo e vendê-lo pouco tempo depois que, no mínimo, não haveria perdas – com o benefício de ter um carro à disposição no período.
Segundo o Instacarro, o Fiat Mobi 2019 foi o campeão de valorização na plataforma, com 17% de alta, seguido do Toyota Corolla Cross 2022, com 11%. Ou seja, em vez de sair da loja com um carro zero 20% mais barato, como de praxe, o dono saiu com o modelo valorizado em 11%.
Mas até quando o carro será investimento? Por se tratar de uma mudança de mercado artificial, provocada por um evento adverso como a pandemia, é de se esperar que o efeito irá acabar. E isso pode ocorrer muito em breve.
Como já falamos aqui, o preço de carro irá cair, restando a dúvida se a queda será rápida ou aos poucos. A tendência é que seja de forma rápida, no mais tardar no início de 2023. São dois os motivos: as locadoras compraram muitos carros na pandemia e muito em breve os modelos irão povoar lojas de seminovos, forçando a queda. E a retomada na produção de modelos zero, com a normalização no fornecimento de semicondutores. Com a produção atendendo a demanda tanto de novos quanto de usados, os preços fatalmente caem.
Em outras palavras, quem pretendia lucrar comprando agora um carro, é melhor rever os planos. Quem já tem um modelo poderá aproveitar agora para vendê-lo no pico de preços e aí esperar pela baixa para readquirir um automóvel. E se muita gente fizer isso ao mesmo tempo, a tendência é uma queda ainda mais brusca nos preços
