Um engenheiro mecânico argentino realizou o sonho de montar o próprio carro elétrico e desembolsou mais de R$ 100 mil para isso. Javier Idzi comprou um Renault Kwid usado, movido a gasolina, e o converteu em um automóvel 100% elétrico durante a quarentena imposta pela pandemia da Covid19. O modelo vendido na Argentina é fabricado no Brasil. A ideia do argentino é divulgar e incentivar o uso de energias renováveis.
Javier mora na província de Buenos Aires e gastou 20 mil dólares (aproximadamente R$ 110 mil) para comprar o veículo e realizar a conversão, revelou a agência de notícias Blanco sobre Negro. O valor é alto, mas corresponde a metade do preço do modelo elétrico mais barato vendido na Argentina, o Renault Kangoo (US$ 50 mil).
“Esse é um projeto totalmente pessoal, o carro, o motor e as baterias são minhas. Financiei tudo do meu bolso e fiz porque gosto”, disse Idzi, que é diretor da área de engenharia mecânica e eletromecânica da Universidade Nacional de La Plata. Além do Kangoo elétrico, o mercado argentino também dispõe do Nissan Leaf (US$ 55 mil).
Troca de bateria
O carro elétrico do engenheiro Argentino atinge uma velocidade máxima de 110 quilômetros por hora e tem autonomia para rodar 100 quilômetros. A conversão do Renault Kwid foi registrada no departamento nacional de trânsito e o veículo pode rodar normalmente pelo país.
“Em 21 de março comprei o carro na concessionária e aí veio a quarentena. Em 25 de maio saí para rodar com baterias de chumbo, mas depois troquei pelas de lítio”, disse Javier, que explicou que a troca das baterias se deu após ele constatar que a relação de custo e benefício da bateria de chumbo é muito ruim, além do aumento exagerado do peso do veículo. “Eram 8 baterias pesando 300 quilos, agora as de lítio pesam 60 quilos. É muita diferença para um carro que pesa 750 quilos”, conclui.
O Kwid é agora o carro de uso pessoal do engenheiro e ele já está trabalhando em um novo projeto. Por encomenda de um vizinho, vai começar a conversão de um Renault Kangoo.
Como foi a conversão
Segundo o engenheiro, o Kwid elétrico caseiro demandou muito trabalho de eletrônica para adaptar o funcionamento dos freios e airbags. Primeiro, elementos como o escapamento, mangueira e tanque de gasolina foram retirados. Como o motor elétrico tem funcionamento mais simples, dois quilos de cabos foram descartados. O bocal do tanque foi retirado para receber um plug de tomada. O kit com motor elétrico e as baterias foram importados da China.
Em entrevista à Rádio Rosales FM, também da Argentina, Javier deu mais detalhes da adaptação. “O motor a combustão foi retirado completamente e o que foi feito é uma adaptação do cofre para receber o motor elétrico que ocupa 20% do espaço. Foi feita uma adaptação com uma placa de aço para sustentar o motor elétrico”, conta.
A próxima adaptação do engenheiro deve ser a colocação de painéis solares em casa. Esses painéis serão ligados às baterias de chumbo que ele retirou do carro em maio e vão acumular energia para que o veículo seja carregado a noite. Assim ele espera completar o ciclo de energia renovável do Renault Kwid e espera incentivar que outras pessoas optem por veículos a eletricidade.
Kwid elétrico original nasceu na China
A versão elétrica do Kwid fabricada pela Renault foi apresentada pela primeira vez em 2019 na China. Trata-se do K-ZE, um carro elétrico que por lá é vendido por cerca de R$ 42 mil. O Kwid elétrico chegou em 2022 no Brasil.
Segundo informações da Dongfeng-Renault, resultado da parceria da empresa chinesa com a francesa, o K-ZE tem motor de 44cv (contra 70cv do Kwid Flex vendido aqui) e torque de 12,75 mkgf. A bateria de íon-lítio tem capacidade de 25 kWh e autonomia de 271 km. Precisa de meia hora para carregar ao menos metade de sua carga.
* Texto atualizado para acrescentar a informação que o Kwid elétrico fabricado pela Renault chegou ao Brasil.