Argentina retira taxas de exportação e isso impacta o Brasil

Governo argentino deixou de cobrar taxas para exportações para fora de países do Mercosul, o que pode aquecer as vendas para fora e criar concorrência com o Brasil, que nada faz pelo setor.

O governo argentino retirou ontem a tarifa para montadoras que exportam para mercados fora do Mercosul. Até então, cada venda gerava uma taxa de 5%, que era repassada ao comprador. O decreto de renúncia fiscal foi assinado pelo presidente Alberto Fernández e pelos ministros da Economia e de Desenvolvimento Produtivo. Se a Argentina retira taxas de exportação, de que forma o Brasil pode sentir?

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Não é possível traçar uma relação direta de perdas para o Brasil, mas é inegável concluir que a Argentina se torna um player mais forte na região, afinal seus veículos para exportação acabam de ficar 5% mais baratos. Soma-se a isso acordos melhores feitos pelo país vizinho para vendas diretas para fora do Mercosul e também o ‘custo-argentina’ versus o ‘custo-brasil’.

No começo de março, no anúncio sobre a chegada do Toyota Corolla Cross ao Brasil, o presidente da montadora deixou claro que o Brasil podia ser um país melhor para exportar. Segundo o executivo, os custos de produção do Brasil limitarão as exportações a 22 países da América Latina e Caribe. É um recorde para a Toyota brasileira, mas não será desta vez que cruzaremos o oceano para brigar com as fábricas de Taiwan e Tailândia.

A Argentina, por outro lado, costuma exportar sua produção a 35 países de cinco continentes. Aliás, metade da produção nacional é vendida ao exterior, incluindo o Brasil. O faturamento anual argentino gira na casa dos US$ 5 bilhões – quase R$ 30 bilhões em valores atuais. No ano passado o Brasil exportou US$ 6,7 bilhões, cerca de R$ 40 bi. É pouca diferença levando em conta que o Brasil é a 12ª maior economia do mundo (já fomos a 6ª em 2011), e a Argentina, a 22ª. Pra piorar, o ano começou de forma preocupante para o Brasil nas exportações.

Argentina retira taxas para exportação: e é só o começo

Durante o anúncio do decreto que zerou a tarifa de exportação (veja vídeo abaixo), o governo argentino deixou claro que vai criar uma ofensiva para aumentar as exportações. O pedido é da Adefa, a associação de fabricantes de carros da Argentina. Ela negocia com o governo local apoio para duplicar as exportações e gerar mais empregos nos próximos cinco anos.

“O diálogo e o consenso são o caminho para aprovar medidas que alimentam o desenvolvimento do nosso setor e permitem promover o aumento das exportações e da produção com maior ingresso de divisas ao país”, disse Daniel Herrero, presidente da Adefa.

Se a Argentina se arma para fortalecer a indústria automotiva nacional, o Brasil decidiu assistir tudo de camarote. Além da saída da Ford e da Mercedes, e das críticas da Stellantis, dona de importantes fábricas no Brasil como a da Fiat, Jeep e Peugeot, o governo brasileiro parece preferir o desmonte da indústria nacional do que agir.

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