Foi em janeiro de 1981 que era apresentado ao mundo o DMC Delorean, um carro que passou seis anos em desenvolvimento e chegava para revolucionar o mercado. Pelo menos era nisso que o dono da empresa, John Delorean, acreditava. Um engano, o DMC Delorean foi um fiasco. Nesse texto contamos curiosidades dos 40 anos do carro que ganhou fama no cinema, mas que como produto deixou muito a desejar.
10 – Porto Rico quase produziu o Delorean
Ninguém completa 40 anos sem uma boa história pra contar. O Delorean é resultado de uma aventura automobilística de um engenheiro que fez carreira na sede da General Motors, de onde saiu em 1973. Em 1975 ele fundou a Delorean Motor Company e não fez isso sozinho. Por trás da DMC estavam vários investidores e envolveu até um “leilão” entre países sobre quem daria mais para abrigar a fábrica da empresa.
O governo de Porto Rico chegou a se colocar como investidor na empresa e disputou com a Irlanda o destino da fábrica. Nem um, nem outro. A DMC acabou construindo sua fábrica em outra Irlanda, a do Norte. Por lá se abrigaram vários engenheiros, mecânicos e designers do primeiro time de montadoras como Ford e GM que resolveram acompanhar John Delorean. O design do carro ficou por conta do renomado designer Giorgetto Giugiaro.
9 – Havia uma expectativa para o lançamento em… 1979
Em 1976 foi apresentado o primeiro carro e aí começou a história da espera pelo modelo que era prometido para o início de 1979. E nesse período houve muita expectativa de que o Delorean trouxesse elementos futuristas, como o airbag (item de segurança que apareceu pela primeira vez em 1973 no mercado) e estrutura em plástico, que na época era considerado o futuro do mercado automobilístico. Havia lista de espera para a compra do Delorean.
Todo o projeto inicial revelou que o veículo sairia muito além da meta de custar US$ 12 mil e no intervalo entre 1978 e 1980 o projeto passou por uma remodelação feita pelo engenheiro Colin Chapman da Lotus. Ele contou com a ajuda de vários ex-funcionários daquela empresa. E então, com dois anos de atraso e com praticamente nada do que havia sido prometido no começo, o Delorean chegou ao mercado em janeiro de 1981. O carro tinha um motor V6 produzido pela então aliança francesa Peugeot-Renault.
8 – Não foi bem aceito
O nome DMC12 do Delorean faz referência à meta inicial da empresa em que o veículo custaria US$ 12 mil. Nunca custou isso, ele chegou ao mercado por US$ 25 mil e isso já foi um grande motivo para muita gente torcer o nariz para o carro. O motor V6 também foi mal avaliado na época porque não tinha força suficiente para o que o veículo era proposto (entregava 145cv). Saíram da fábrica Deloreans automáticos (3 velocidades) e manuais (5 marchas).
Além disso, muitos dos primeiros Deloreans saíram da fábrica com defeito mecânico e com problemas de acabamento. Isso levou os donos sucessivas vezes às concessionárias e criou má fama aos veículos. Só para ter dimensão do problema, os concorrentes do Delorean na época (na faixa de preço) eram o Corvette, o Mazda RX-7 e o Porsche 911.
A imprensa especializada comentou na época que o Delorean tinha uma excelente economia de combustível, mas que passava longe de um carro esportivo. O consenso era que a empresa produziu um carro com a proposta de ser um esportivo e acabou fazendo um carro para quem precisava ir e voltar do trabalho. Em 2017 o Delorean foi considerado pela revista Time um dos 50 piores carros já produzidos.
7 – Ficou em produção por 1 ano e 4 meses
Com muitos carros em estoque e as vendas indo muito mal, a empresa percebeu que o entusiasmo inicial era apenas um “entusiasmo inicial”. Em maio de 1982 a fábrica interrompeu a produção e nunca mais voltou. Foram produzidos apenas 8975 carros entre janeiro de 81 e maio de 82. Porém, existem Deloreans também de ano 1983. Explicamos mais abaixo.
O melhor mês de venda do Delorean foi outubro de 1981, quando 720 veículos foram vendidos e isso motivou a empresa a aumentar a produção. As vendas começaram a regredir devido a uma crise financeira nos Estados Unidos e a empresa seguiu produzindo, segundo informações da época da revista inglesa AutoCar. Com muito carro em estoque, a Delorean fez um apelo para que as concessionárias adquirissem veículos para seu estoque. Isso não ocorreu e a empresa começou a entrar em uma situação dramática.
6 – Existiram apenas 9 mil Deloreans
Sendo que 6700 foram produzidos no ano de 1981 e outros 1999 foram produzidos no ano de 1982. Quando a empresa parou, em maio de 82, a empresa Consolidated International adquiriu tudo o que estava na fábrica, sendo que 276 carros foram montados com o que sobrou. Esses veículos saíram da fábrica com a referência do chassis apontando para o ano de 1983. Estima-se que atualmente 6500 Deloreans ainda estejam espalhados pelo mundo.
O motivo oficial sobre a parada da produção em maio de 82 foi que o Governo Britânico encontrou irregularidades fiscais na empresa e determinou o encerramento das atividades. Além de ser a autoridade local, o Governo Britânico era também investidor da DMC.
5 – Deloreans iguais, mas nem tanto
Embora a proposta era construir um carro único, com pequenas variações de acabamento interno e mecânica, entre todos os Deloreans existentes têm várias diferenças que foram sendo adaptadas durante a produção, conforme os consumidores iam opinando sobre o produto. Por exemplo, as portas de gaivota que abrem para cima eram muito desconfortáveis para fechar. No primeiro ano de produção a empresa incluiu uma alça na porta e mudou a posição dessa alça por diversas vezes (as alças podem ser vistas na foto acima).
Outra mudança é que os primeiros 2200 carros tinham antena do rádio embutida na parte frontal do carro. Os motoristas relataram que o aparelho não funcionava e a partir daí foi adotada uma antena convencional na lateral do capô e posteriormente foi colocada na parte traseira.
Outra: o alternador usado na versão inicial do carro era insuficiente para manter toda a elétrica do veículo funcionando plenamente por horas e a bateria descarregava. Isso foi resolvido com um novo alternador, mas só no final de 81, quando mais de 4 mil carros estavam nas ruas.
4 – John Delorean foi preso por tráfico de drogas
A história mais cabeluda da história do carro diz respeito ao dono da empresa. A história relatada na época é que John Delorean buscava um jeito de salvar sua empresa e resolveu participar de algumas ações de tráfico de cocaína em troca de alguns 24 milhões de dólares. A acusação foi feita pelo FBI, Delorean foi detido no dia 20 de outubro de 1982 e ficou 10 dias na prisão. Ele foi inocentado em 1984.
3 – Participação em filme não teve ligação com a empresa
Em 1985 foi lançado o filme De Volta para o Futuro. Sucesso mundial, é uma trilogia que gira em torno do jovem Martin Mcfly e do Dr Emmett Brown, que utilizam o Delorean como máquina do tempo. Porém a escolha do carro nada teve a ver com promoção da empresa, que já estava falida há 3 anos.
Segundo o History Channel, os produtores escolheram o modelo porque tinha visual futurista para a época. Foram usados três exemplares Delorean nas gravações. No mesmo ano de lançamento do filme, John Delorean mandou uma carta para os produtores agradecendo pela escolha do carro. Pena que a publicidade – de graça – chegou tarde demais para o carro.
2 – Delorean teve que vender casa para Trump
Em 1999 John Delorean teve que pedir sua falência pessoal para pagar dívidas da extinta empresa de automóveis. O último imóvel vendido por Delorean foi uma casa em um vasto terreno em New Jersey que foi adquirido por Donald Trump em 2000. Ele transformou o local no Trump National Golf Club. Delorean morreu em 19 de março de 2005, aos 80 anos, devido a um AVC.
1 – Delorean de volta para o futuro
No ano passado os Estados Unidos aprovaram uma lei que permite que empresas fabriquem projetos antigos de carros abrindo mão de itens modernos de segurança. Uma empresa americana que detém a marca pretende colocar de volta o veículo no mercado em pequenas quantidades. Nenhum ainda foi apresentado, mas existe um outro mercado que rende uma boa grana nos Estados Unidos, o de resgate e venda de Deloreans usados ou pouco usados. Mostramos aqui no Turboway um desses casos.